Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

A modernidade do atraso

A falta de competitividade não é decorrente de pouca inovação.

A modernidade do atraso
O discurso é modernizar as relações trabalhistas. A prática é voltarmos à Idade Média. O problema do Brasil não é a falta de investimento em pesquisa e inovação, é o alto salário. O custo-Brasil não envolve os gastos perdulários com incentivos a indústrias pouco competitivas. A falta de competitividade não é decorrente de pouca inovação. O discurso moderno é a volta ao passado, a culpa é dos salários e dos benefícios decorrentes. Alguns falam em jornada de trabalho semanal de 80 horas. O que poucos fazem questão de esclarecer é como funcionam os países competitivos. Matéria publicada no jornal americano Washington Post deste final de semana mostra que os Estados Unidos é uma das poucas nações do mundo onde a licença-maternidade não é estabelecida por lei, ela só existe em acordos sindicais ou por decisão da empresa. As outras ‘potências’ mundiais que não concedem o benefício são Suriname, Ilhas Palau, Nauru, Micronésia, Tonga e Niue. O Brasil, com quatro meses de licença (podem ser seis meses com a obtenção de benefícios fiscais), está na faixa intermediária.

Europa
A Europa tem os maiores períodos de licença para a maternidade, podendo chegar a 52 semanas. Um país em especial chama a atenção. As empresas dão seis semanas de férias por ano que podem ser usufruídas em qualquer época desde que seja acordada com o empregador. Em caso de doença não precisa apresentar atestado médico para faltas de até três dias. Pagam 13º salário e distribuem bônus. Quando o casal tem filhos, recebe uma contribuição em dinheiro até o filho completar 25 anos. A licença-maternidade pode ser de um ano remunerada e pode ser prolongada por mais um ano sem remuneração com a vaga garantida no emprego. O ensino é público, desde o maternal até a faculdade. Os pais têm o dever, por lei, de encaminhar a criança à escola. Estudantes flagrados matando aula são levados pela polícia à escola e os pais recebem uma multa. Um desempregado e sem renda recebe 347 euros, existe um auxílio-moradia, onde a pessoa recebe uma casa popular ou o Estado paga o aluguel ao locador. Deve ser por isso que o país está perdendo a competitividade? Pensando bem, não é bem assim. A Alemanha é o país mais evoluído na zona do Euro. Mas isso não vem ao caso aos nossos economistas e políticos tupiniquins, o importante é cortar benefícios com discurso moderno, ter o apoio da mídia e dos seus filhotes ‘midiotas’. 

Profecia
Enquanto isso, num certo país tropical, estão suspensas novas vagas para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni). Estão cancelados os programas Ciência sem Fronteiras. Triste o país que teima em não aprender. Nada surpreendente para um ministro da Educação que, desde os 20 anos de idade, é político profissional, nunca trabalhou, não entrou numa sala de aula e nunca corrigiu uma prova. Teria sido uma profecia quando a primeira ‘personalidade’ que visitou o Ministério da Educação foi um ator pornô? Viva a educação moderna.