Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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A crise e os pessimistas

A crise atual confunde a todos

A crise atual confunde a todos. Estamos no meio dela, portanto, sem a distância necessária para uma análise histórica, política e econômica. Estamos realmente na iminência de uma das maiores crises dos últimos tempos? Para os pessimistas a resposta é sim. Seus indicadores mostram isso: aumento do endividamento da maior economia do mundo (Estados Unidos) e dificuldade de retomada do crescimento econômico. Problemas orçamentários na União Europeia, com distorções graves entre seus membros. A ajuda prestada a alguns países alivia a dor, mas não combate a doença principal: viver com somente o que se ganha. Num curto espaço de tempo a realidade, essa destruidora de ilusões, acaba derrubando as projeções otimistas. E como se ainda precisasse de mais notícias ruins, as agências classificadoras de risco rebaixaram os títulos do Japão.
A crise e os otimistas
Sempre existe a esperança de que o diabo não seja tão feio como alguns estão pintando. Para estes, a teoria do duplo mergulho ou a trajetória em “W” estaria se confirmando. Em outras palavras, a crise de 2008 foi o primeiro mergulho. Depois de uma recuperação, estamos formando o meio da letra “W”, ou seja, mais um mergulho para depois vir a recuperação. Ainda que não se chegue a uma conclusão, a verdade é que a crise tende a ser profunda, mantendo as economias estagnadas por um longo período. O grande risco mistura política com fundamentos econômicos. Governos populistas, dispostos a persistirem com seus déficits públicos, podem ampliar o sentimento de aversão ao risco. Nesse caso, poderia haver uma corrida aos bancos, o que afetaria todo o sistema financeiro internacional.
Nova teoria
O que parece assustar os teóricos é que as receitas conhecidas, quando aplicadas aos países pobres, davam efeitos. Quando se trata dos ricos, o tratamento convencional não faz o paciente reagir. Reduzir gastos do governo pode aprofundar a crise; manter os gastos amplia o déficit e reduz a confiança; reduzir taxas de juros dificulta o equilíbrio do orçamento. O que fazer? Precisamos de uma nova teoria econômica.
Classificação de riscos
As agências de classificação de riscos estão no meio de uma pressão que nunca imaginaram. Criadas para dar suporte às economias “importantes” do mundo, serviram mais para proteger os interesses das suas matrizes do que para avaliar fundamentos econômicos. Com o rebaixamento da dívida do Japão, começam os debates sobre mudanças nos critérios de avaliação. A continuar assim, não haverá mais países com classificação “AAA”. É a velha história da pimenta. Nos olhos dos outros é colírio. Como a febre surgiu em corpos que todos acreditavam estar sadios, a solução óbvia é mudar o termômetro. Porém, no mundo dos negócios é possível transferir os encargos da doença para os outros mudando a escala do termômetro. É bom ficar em alerta.