Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

A carta

A carta dos economistas e empresários

Que me perdoe Erasmo Carlos, mas parafraseando a sua música “A Carta” que inicia assim: Escrevo-te essas mal traçadas linhas, mas hoje poderia continuar, para lembrar dos erros cometidos... A carta dos economistas e empresários poderia começar dessa forma, lembrando de algumas decisões que nos levaram a essa situação: em julho de 2020, quando recusou a primeira oferta de compras de vacina e em agosto recusou a segunda proposta de 70 milhões de doses da Pfizer e afirmou que ninguém será obrigado a tomar a vacina. Em outubro de 2020, o ministro da Saúde anuncia a compra da vacina Coronavac, para no dia seguinte ser desautorizado com a expressão “vacina chinesa”. Em novembro cantou vitória pela suspensão dos testes da vacina por dois dias. Em dezembro afirmou que a pandemia estava no fim. Em janeiro de 2021 a vacina chinesa começa a ser aplicada no Brasil, 50 países já tinham iniciado a imunização. Mas preferiram apenas sugerir. 

Providências
A carta será enviada aos três poderes pedindo providencias contra a pandemia. Nela afirmam que não há dilema entre saúde e crescimento econômico, descobriram o óbvio, não há como ter crescimento econômico nesse cenário. Se algumas das más decisões acompanhadas de mau exemplo não tivessem ocorrido, hoje talvez estivéssemos em situação melhor, ou um pouco melhor. O que resta agora é tentar negociar com países que possam ter excedentes e pressionar os países produtores que liberem as exportações. Entre os que assinaram o documento constam quatro ex-ministros da Fazenda, cinco ex-presidentes do Banco Central, economistas renomados, donos de bancos, donos de gestoras de recursos e empresários. O documento coloca quatro medidas denominadas de indispensáveis para o combate a pandemia.

Isolamento e coordenação
O documento defende medidas de isolamento social e pede que o governo federal participe dessas medidas, combinando com ações para o amparo da população de baixa renda e afirma que “há solida evidência que esses programas aumentaram o respeito às regras de isolamento dos beneficiários”. 
A segunda recomendação é que se faça uma coordenação nacional do combate à pandemia e que seja orientada por especialistas e cientistas ligados à área da saúde. Há uma afirmação que “na ausência de coordenação federal” o consórcio de governadores será importante na aquisição de vacinas. 

Vacinas e máscaras
A carta solicita a agilização da vacina, afirmando que ela é essencial para a retomada do crescimento.  A vacina é relativamente barata, os cálculos apontam para R$ 22 bilhões para imunizar toda a população, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões gastos nos programa de auxílio emergencial e manutenção do emprego. Dados coletados pelo “Our world in data” ligados à Universidade de Oxford, mostram que o Brasil vacinou 6,7 por 100 habitantes ou 14,1 milhões de doses, ficamos em torno de 55º lugar, enquanto os EUA aplicaram 127,1 milhões de doses e vacinaram 38,7 para cada 100 habitantes, ficando com o quinto lugar. Mas estamos em primeiro lugar no ranking de novas mortes por milhão de habitantes com 10,85 bem distante do segundo lugar, posição ocupada pelo Chile com 4,39. 
Por fim, a carta sugere o incentivo ao uso de máscaras e afirma que o poder público deveria distribuir máscaras gratuitamente para a população de baixa renda. Provavelmente o esgoto digital vai rotular todos os signatários como comunistas, esquerdistas, antipatriotas e outras expressões impublicáveis. É aguardar.