Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

“Istas”

Você já sabe de que lado está na classificação do STF (Supremo Tribunal do Facebook)?

Você já sabe de que lado está na classificação do STF (Supremo Tribunal do Facebook)? Dependendo dos locais que você se manifesta ou das opiniões que coloca pode ser imediatamente rotulado de socialista, comunista, petista e outros “istas” que não podem constar numa página pública. Você é a favor do uso da máscara? Então é um comunista que está tentando confundir o povo. Acredita nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde)? É um petista torcendo contra o país, que não enxerga que tudo é uma manipulação da imprensa mundial para favorecer a China e implantar o comunismo em todo o mundo. Então você decide mudar de local. 

“Istas” 2
Em outros locais coloca uma opinião diferente, por exemplo, elogiando a atuação de um ministro, ou exaltando a iniciativa do auxílio emergencial (apesar do valor ter sido estabelecido pelo Congresso, mas tenta explicar!). Pronto, lá vem nova definição: fascista, nazista, e mais alguns “istas” que me nego a escrever. Você está preocupado com a economia? É um capitalista sem coração que não se importa com vidas humanas. 

“Istas” 3
As postagens são simplistas. Um argumento raso feito um pires, furado. As mais ofensivas estão acompanhadas de um desenho, ou um “card”, e não contesta a opinião, somente a pessoa que se manifestou. Dificilmente se encontra um argumento contrário com três linhas que fazem sentido. Esses dias alguém respondeu num comentário “pensei que ele era estudado”, outro colocou “caiu a máscara”, o que revela mais sobre o seu autor e sua falta de discernimento, como se a opinião revelasse todo o passado da pessoa e não somente a opinião. Sem contar os que entram na discussão e vão mudando o rumo das ofensas, e lá pelas tantas nem sabem o que estão discutindo. É um circo de loucos, onde não se paga ingresso para ver o que as pessoas pensam ou não.  

“Istas” 4 
O mais engraçado (ou seria trágico?) são os especialistas em qualquer assunto. “Os cartórios mentem para aumentar o número de mortos” pela pandemia. “Testar positivo não significa nada, apenas a presença do vírus”. “Mudar a forma de divulgar os dados está certo, vocês verão que em breve acaba a pandemia”. E dê-lhe colocar vídeos de desconhecidos cuja única “especialidade” é concordar com o autor. Ou então notícias antigas que contradizem as mais recentes. Assim segue a nau dos insensatos. 

“Istas” 5
Por fim, os oportunistas, ou seriam falsos moralistas? No ambiente virtual combatem a corrupção, mas na vida real se inscrevem e incluem alguns familiares para receber o auxílio emergencial de forma indevida. Isso também é corrupção, além disso, estão prejudicando de várias formas quem realmente necessita. Seja sobrecarregando o sistema de cadastro, aumentando as filas e, principalmente, roubando do país valores obtidos com sacrifícios. Para melhorar o país precisamos mais do que slogans fáceis e declarações de boas intenções. Antes de mais nada é preciso dar exemplo e colaborar com os governantes.