Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

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Safra 2016-2017

A impressão é de que existe um complô da indústria com o intuito de tirar proveito, barganhar e obter vantagens, haja visto que a uva é um produto perecível e quando pronta precisa ser colhida em poucos dias.

Estamos iniciando as atividades da colheita de mais uma safra da uva. A velha prática das indústrias de negociar a produção sem definição de preço, infelizmente, mais uma vez se repete. A impressão é de que existe um complô da indústria com o intuito de tirar proveito, barganhar e obter vantagens, haja visto que a uva é um produto perecível e quando pronta precisa ser colhida em poucos dias.
O preço mínimo estabelecido pelo governo infelizmente ainda permanece em centavos. É um valor irrisório e sequer cobre o custo de produção. Não estimula a produção e muito menos incentiva os jovens a permanecer na atividade. Em consequência da baixa remuneração o cenário é de desestímulo, abandono e consequente decadência dos parreirais e o envelhecimento do meio rural. A falta de renda, a insegurança e a indefinição em relação ao futuro são fatores que contribuem para a exclusão cada vez maior do jovem do meio rural.
O único prejudicado com isso é o produtor, pois sem renda não existe atividade que se sustenta por muito tempo e muito menos vida digna para a família. Os atuais dados de comercialização e as estatísticas das vendas apontam que os estoques de vinhos e derivados são os mais baixos dos últimos anos. Além do estoque baixo, o preço do vinho, sucos e espumantes teve aumento que ultrapassou qualquer índice econômico. A previsão de volume de produção é de uma safra normal. Esses argumentos evidenciam que a uva pode e deve ser paga mais do que o preço mínimo, sob pena de num curto espaço de tempo as indústrias não terem mais matéria-prima para suprir suas necessidades.
O jogo de interesses em relação ao preço e o prazo de pagamento provoca indignação, incertezas e insegurança entre os produtores. Eles trabalham, investem e se dedicam junto com suas famílias o ano inteiro de sol a sol no cultivo da uva para o sustento de suas famílias. A indústria não sobrevive e não tem sentido de existir sem a matéria-prima. Se não existir produtor, não existe uva e sem uva a indústria não tem sentido de existir.
Qual o produto primário que é adquirido e processado sem que o fornecedor saiba quanto e quando receberá? E que é o próprio produtor quem financia a compra e tem de esperar meses ou até anos para receber? A perdurar essa situação de desestímulo ao produtor de uvas, o futuro será a decadência cada vez mais acentuada da produção e o abandono dessa centenária atividade que foi a base da sobrevivência de milhares de famílias. 
Que haja mais clareza, transparência, justiça e respeito ao produtor, e menos ganância. Diante disso, orientamos os produtores de uva que negociem com cuidado e que não se precipitem e busquem todas as informações necessárias junto ao STR.