Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

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O dólar X a agricultura

Os agricultores estão apreensivos com a desvalorização cambial e seu reflexo para o setor agropecuário.

Os agricultores estão apreensivos com a desvalorização cambial e seu reflexo para o setor agropecuário. O mais preocupante, no momento do plantio da safra de verão, é a desvalorização do dólar em relação ao real. Para o setor da produção agrícola, o pior dos cenários é plantar a safra com uma cotação e vender em outro patamar, o que poderá refletir nos preços na hora da venda e, consequentemente, perdas aos agricultores. Somente em 2009, a desvalorização do dólar em relação ao real é 25%. Vários setores produtivos podem perder espaço no mercado internacional. Um deles é o setor de frangos, que desde o ano de 2004 mantém a liderança como maior fornecedor mundial. As principais empresas do setor avaliam que o cenário não é nada animador para os próximos meses, com projeções de queda nas vendas na ordem de 10% em 2010. Neste caso, quem ocuparia o espaço que hoje é do Brasil seria os Estados Unidos, o maior produtor e segundo no ranking das exportações mundiais, seguida da vizinha Argentina. Aliado ao dólar, entra também a possibilidade de barreiras. Além disso, o fato da crise mundial não ter recuperação imediata poderá comprometer a posição do Brasil nas exportações de frango. Os patamares de preços na exportação, que em 2008 era de US$ 4.377 a tonelada, em setembro deste ano a cotação no mercado internacional foi de US$ 3.572 a tonelada, ou seja,uma queda de 19% em comparação com a cotação do ano anterior. Com isso, os preços internos são menores para os criadores. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), as projeções de exportação foram revistas. Inicialmente, era previsto um crescimento nas exportações de 5% diante do cenário atual, sendo que o crescimento em relação ao ano anterior não passará de 2%. Outros setores produtivos, que sofrem os reflexos do câmbio, são leite, trigo e vinho, entre outros. O Brasil perde competitividade no mercado internacional e ainda pior favorece as importações. Apesar da crise financeira internacional, a especulação em detrimento da produção continua desenfreada, embora o governo tenha anunciado a taxação de 2% no capital especulativo que vem do exterior. De outra parte, os grandes grupos que atuam no setor da agropecuária estão se rearticulando através de parcerias e fusões como forma de concentrar cada vez mais o lucro. Como sempre, infelizmente a corda arrebenta no lado mais fraco: os agricultores.