Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

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Nova crise de alimentos?

O aumento nos preços globais de gêneros alimentícios...

O aumento nos preços globais de gêneros alimentícios básicos eleva o risco de que a crise alimentar de 2007-2008 em países em desenvolvimento se repita. Um salto nos preços do petróleo e o rápido consumo dos estoques globais de cereais poderiam ser um prenúncio da crise de abastecimento. Por outro lado, a alta dos preços aumenta as preocupações, pois estamos reduzindo rapidamente os estoques. É preciso maior produtividade e mais investimento na agricultura.
O índice de preços alimentares da ONU de fevereiro aumentou pelo oitavo mês consecutivo, para o maior nível desde 1990. Todos os grupos de commodities, exceto o açúcar, aumentaram no último mês.
Estoques
Os estoques globais de cereais estavam em níveis mais saudáveis que os restritos estoques que desencadearam a crise em 2007 e 2008. Em julho passado, os níveis de estoque eram 100 milhões de toneladas superiores aos de 2007, mas o avanço econômico em países em desenvolvimento e o retorno do crescimento dos países altamente industrializados levaram a novas reduções.
Alguns países no norte da África e no Oriente Médio fizeram grandes compras de grãos para evitar conflitos – em parte estimulados pela alta dos preços dos alimentos.
A Coréia do Sul busca elevar estoques de grãos e planeja comprar cargas de milho e outras mercadorias, em esforço similar ao de outras nações asiáticas, preocupadas com altos preços dos alimentos e com os conflitos sociais. Em dezembro, o México comprou milhares de toneladas de milho no mercado futuro, para se proteger de altas dos preços de tortillas, que provocou confrontos nas ruas em 2007. É algo racional de se fazer para se proteger.
Preços
O recente aumento dos preços do petróleo, que subiu para cerca de US$ 120 ao barril no mês passado, está exacerbando os aumentos nos preços dos alimentos, que podem afetar a habilidade dos países em desenvolvimento de cobrir suas necessidades de importação. Os preços do petróleo têm impacto nos custos de transporte e insumos agrícolas, incluindo fertilizantes, combustíveis ou alimentos, entre outros.
Os países desenvolvidos devem reavaliar suas estratégias de biocombustíveis – que incluem amplos subsídios – uma vez que estes têm desviado 120 milhões de toneladas de cereais de consumo humano para produção de combustível.
Subsídios
Países desenvolvidos dão US$ 13 bilhões anualmente em subsídios e proteção, para encorajar a produção de biocombustíveis. Nos Estados Unidos, os estoques de milho chegaram aos menores níveis em 15 anos, enquanto maiores parcelas da safra são utilizadas na produção de etanol.
Evitar outra crise depende da produtividade da próxima safra, bem como do impacto do crescimento econômico sobre a demanda. O aumento dos preços dos alimentos e do petróleo pode ter efeito prejudicial no crescimento. Ainda é cedo para determinar se o recente terremoto e tsunami no Japão, maior importador de grãos do mundo, terá qualquer efeito na oferta global ou na demanda por produtos agrícolas. Precisamos pensar seriamente sobre essa realidade mundial.