Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

Contatos

Mais água, mais renda

Um pouco menos de 27 mil propriedades das 430 mil em atividade regular de produção agrícola utilizam alguma forma de fornecimento de água às plantas – pouco mais de 6%. O nível de risco de nossas lavouras e da nossa pecuária elevou-se significativamente com as mudanças climáticas recentes. O custo é alto. A administração, o gerenciamento desses fatores é uma demanda urgente, emergencial.

Um pouco menos de 27 mil propriedades das 430 mil em atividade regular de produção agrícola utilizam alguma forma de fornecimento de água às plantas – pouco mais de 6%. O nível de risco de nossas lavouras e da nossa pecuária elevou-se significativamente com as mudanças climáticas recentes. O custo é alto. A administração, o gerenciamento desses fatores é uma demanda urgente, emergencial.
Só de grãos, na safra que está sendo colhida, os prejuízos já se aproximam de 4 bilhões de reais, o que daria para irrigar todas as lavouras, pomares e pastagens desprotegidas e até plantios florestais do Estado. Por isso, a extraordinária importância da iniciativa do Governo, a decisão política do Governador Tarso Genro em investir 225 milhões até 2014 para garantir as próximas colheitas em um grande número de propriedades que foram fortemente afetadas.
Oportunidade para mudanças – com ganhos
No programa de irrigação do Governo do Estado, os agricultores e pecuaristas familiares que financiarem seus projetos pelo PRONAF serão subsidiados em 100% da primeira e da última parcela. Os médios produtores – que poderão obter recursos no PRONAMP para irrigação, receberão do Governo gaúcho 75% da primeira e da última parcela de seus financiamentos. E os demais produtores, que disporão de recursos do Programa MODERINFRA, receberão do Governo 50% da primeira e da última parcela dos financiamentos para projetos de irrigação. O Governo do Estado decidiu facilitar a implantação de açudes para irrigação: áreas com até 10 hectares de açudes e até 100 hectares de cultivo irrigado recebem licenciamento ambiental automático.
Esta é uma excelente oportunidade para ampliar a produtividade e a sustentabilidade da agropecuária gaúcha. Está claro o problema da insuficiência e de má distribuição das águas para garantir a produção das lavouras. É óbvio, também que os solos cultivados não estão armazenando as águas das chuvas. Em grande parte das lavouras é bastante provável que as raízes das culturas não consigam buscar umidade nas camadas abaixo da superfície. O lençol freático deve ter sido rebaixado, ficando fora do alcance dos sistemas radiculares das plantas. A solução está em disponibilizar mais água e modificar o sistema de manejo das lavouras.
A irrigação – tecnologia de ponta é responsabilidade ambiental
A agropecuária, produzindo alimentos básicos fundamentais, bio ou agroenergia, é a atividade que mais utiliza os recursos hídricos, que mais consome água: 80% de toda a água disponível. Tomando como referência diversas fontes de pesquisas, projetamos uma informação importante para avaliar, concretamente, a importância, a necessidade de água na atividade humana. A produção de uma refeição ‘tipicamente brasileira’, para um operário da construção civil, contendo arroz, feijão, carne, salada, uma modesta porção de macarrão, pão, batata ou mandioca, uma fruta de consumo direto, um suco e um cafezinho não exigirá menos de 2.500 a 3.000 litros de água!
Para termos uma comparação, o que se gasta de água na área industrial: uma calça jeans, de brim, 15.000 litros; uma camiseta de algodão: 3.700 litros; um litro de gasolina: 10 litros de água; um quilo de aço: 95 litros de água; um quilo de papel: 324 litros d’água. Toda a atividade industrial consome 7% e a residencial 13%.
Dos 80% da disponibilidade de água do planeta consumidos pela atividade agropecuária e agroindustrial 69% vai para a irrigação, diretamente para as plantas e para o solo. Neste processo, já ocorre evaporação. Os outros 11% são despendidos nas operações de produção, água que vai para o solo, também; mas a maior parte como esgoto ou águas ‘servidas’, como são chamadas tecnicamente. Ao passar pelo solo, vai ocorrendo uma filtração, os resíduos ficam retidos e o processo de evaporação faz o líquido retornar para a atmosfera, no chamado ‘ciclo hidrológico’.