Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

Contatos

Armazém cheio, bolso vazio

O ano de 2010 não está sendo nada favorável para os agricultores no que se refere à renda agrícola.

O ano de 2010 não está sendo nada favorável para os agricultores no que se refere à renda agrícola. Se não bastasse o setor passar 2009 enfrentando os efeitos da crise financeira mundial, agora são os baixos preços. Não é choradeira, mas sim os problemas de ordem climática que também contribuíram para tirar o sono de grande parte das lideranças no encaminhamento de pleitos junto aos governos no Estado e Federal, na tentativa de solucionar prejuízos e reparar danos.

Também temos que considerar que algumas atividades sofreram redução da produção, como é o caso do arroz, em função das condições climáticas. Já a uva, nesta safra, apresentou uma quebra de produção na ordem de 1,5% em relação ao ano passado. Ou seja, produzimos 526 milhões de quilos em 2010, contra 534 milhões da safra de 2009. O preço também não ajudou o produtor. No caso do milho e da soja, vamos ter safra cheia sem maiores problemas, o que fez com que muitas cooperativas que no seu conjunto são responsáveis por aproximadamente 45% do recebimento da safra de grãos e também os cerealistas, que atuam no mercado de grãos, enfrentam dificuldades no armazenamento da safra 2009/2010.

Não é só o tamanho da safra que gerou esta fragilidade na armazenagem. Outros fatores, como a falta de liquidez no mercado, no caso do trigo, que temos praticamente toda safra passada ainda depositada nas regiões da produção, os baixos preços do milho, da soja, do arroz e, principalmente, do trigo fez com que esse quadro não seja nada agradável em termos de rentabilidade neste ano. Os agricultores não vendem a safra na espera de uma melhora nos preços. Assim, o produto tem que ficar estocado, estrangulando a capacidade de armazenagem.

O quadro é de armazéns cheios e de bolso quase vazio dos produtores diante do fechamento das contas no final da safra. O agricultor, fazendo o balanço da receita e despesa, está vendo que terá dificuldades no fechamento das contas e na liquidação dos compromissos financeiros que vencem em 2010.

Mais alimentos
O teto para financimento do Pronaf Mais Alimentos passou para R$ 130.000,00, além de criação de nova possibilidade de financiamento no programa.
Não temos dúvidas da necessidade de tratamento diferenciado de crédito aos agricultores familiares, porém entendemos que a preocupação do governo neste ano e para o futuro deveria ser no aprimoramento dos mecanismos de sustentação de renda aos agricultores, ao invés de ampliar o teto, no qual o maior beneficiado será o setor da indústria.
É primordial que tenhamos garantia de renda para depois pensar em investimentos, que em muitos casos não têm viabilidade econômica de cumprir o pagamento das parcelas diante da baixa renda anual gerada. Portanto, muita cautela em acessar esse programa. Façam bem as contas e planejem bem as prioridades dos investimentos na propriedade para não terem que se arrepender mais tarde.