O uso de agrotóxicos na produção de alimentos, tema de debates e projetos de lei na Câmara dos Deputados, é também foco de pesquisas com resultados alarmantes.

O uso de agrotóxicos na produção de alimentos, tema de debates e projetos de lei na Câmara dos Deputados, é também foco de pesquisas com resultados alarmantes. Estudo realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso, em parceira com a Fundação Oswaldo Cruz, constatou a presença de 223 princípios ativos de agrotóxicos nos alimentos, entre os 500 existentes.

Segundo a pesquisa de 2012, 29% das amostras analisadas eram insatisfatórias; 36% satisfatórias, mas com resíduos; e apenas 35% não apresentavam resíduos. O estudo também concluiu que o número de trabalhadores com intoxicações agudas por agrotóxicos no Brasil dobrou em cinco anos: passou de 5 mil em 2007 para 10 mil em 2012. No mesmo período, o número de mortes passou de 200 para 313. O custo do tratamento desse tipo de intoxicação varia de R$ 650 a R$ 26 mil. Outra pesquisa, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mostra que o alimento campeão de irregularidades é o pimentão: 89% das amostras analisadas em 2011 tinham problemas, a maioria por uso de agrotóxicos não autorizados. Depois do pimentão aparecem a cenoura, o morango, o pepino, a alface e o abacaxi, entre os alimentos com maiores índices de violações. Estudos recentes comprovam que a exposição prolongada aos agrotóxicos causam ataques ao sistema nervoso, ao sistema imunológico, câncer, má formações, além de infertilidade. A ingestão de alimentos com restos de produtos químicos também pode provocar alergias e sobrecarga do fígado, entre outros problemas.

O Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo: em 2012 o país consumiu 1 bilhão de toneladas de agrotóxicos e 6,9 milhões de toneladas de fertilizantes químicos. É urgente promover a transição da agricultura brasileira para um modelo mais sustentável, com menos uso de agrotóxicos.