Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

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Agrotóxico ou defensivo agrícola?

A palavra “agrotóxico” é imprecisa e algo carregado...

A palavra “agrotóxico” é imprecisa e algo carregado ao julgamento de um valor – resquício do tempo, há muito tempo deixado para trás, em que estas substâncias eram colocadas no mercado sem pesquisa suficiente sobre suas propriedades e seus efeitos, e usadas de forma indiscriminada. O nome certo é “defensivo agrícola”, uma vez que esses produtos servem não para intoxicar a lavoura ou o produtor, mas sim para defender a plantação de pragas, insetos e parasitas e evitar que ela se perca.
O uso de defensivo não autorizado é prejudicial à saúde?
Não necessariamente. As pesquisas mostram que um defensivo não oferece mais ou menos riscos de saúde se aplicado neste ou naquele alimento. Ou seja, o produto ‘x’, indicado para tomate, não ficará mais tóxico sendo usado no pimentão. O problema está na soma: resíduos de um mesmo agrotóxico, em vários dos alimentos que constam na dieta de uma pessoa, podem vir a extrapolar seu limite máximo de resistência (LMR). Mas a situação não é alarmante. Como a margem de segurança para o cálculo do LMR é alta, é muito provável que o consumo desses alimentos não ofereça nenhuma implicação à saúde, segundo o médico patologista João Lauro Camargo, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu.
É possível remover resíduos de defensivos nos vegetais?
Não, pois o defensivo penetra na polpa do alimento ou circula pela seiva da planta. Muitas receitas para remover defensivos circulam por aí, inclusive em telejornais de grande alcance, como lavar alimentos com água e sabão ou mergulhar em uma solução de hipoclorito de sódio, que nada mais é do que água sanitária diluída. A lavagem com qualquer uma destas substâncias removem micróbios e coliformes fecais, mas não resíduos químicos. A fruta e a verdura ficam limpinhas, o que é ótimo. Mas o que houver de resíduo químico nelas continuará ali.
Descascar o alimento resolve?
Descascar o alimento ou retirar as folhas externas do maço de alface, por exemplo, elimina apenas os resíduos presentes nestas partes do vegetal. O que está nas outras partes permanece. Além disso, as cascas de muitos alimentos são altamente nutritivas – descartá-las pode ser um desperdício.
Algumas hortaliças, frutas e legumes tendem a absorver mais defensivos?
Não. O que determina se algum resíduo permanecerá no alimento é o manejo do produto na lavoura: a quantidade empregada e o período de carência indicado para aquela substância em particular. Se tudo for feito conforme a bula, entre o dia da aplicação do defensivo e o da colheita, a dose correta sofrerá degradação natural com a ação dos raios solares, da chuva e dos microrganismos.
Ingerir resíduos de defensivos provoca doenças ou malefícios?
Não existe comprovação científica de que o consumo a longo prazo de resíduo e pesticida nos alimentos provoque problemas graves em seres humanos. A associação entre o uso de defensivos e a ocorrência de câncer, má-formação fetal ou distúrbios neurológicos só foi demonstrada em animais expostos as concentrações altíssimas desses produtos. Também não há caso de intoxicação provocada pela ingestão de um alimento contaminado.