Olir Schiavenin

Olir Schiavenin

Informativo Rural

Olir Schiavenin atua pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua há mais de vinte anos. É membro da Coordenação da Comissão Interestadual da Uva, preside a Associação Gaúcha dos Produtores de Alho (AGAPA) e é vice-presidente Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA). Além disso, coordena a Comissão Agropecuária do Corede-Serra e Centro da Agricultura Familiar de Veranópolis.

O sindicalista também está inserido nos meios acadêmicos. É bacharelando em Filosofia e Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul. Schiavenin escreve para O Florense desde a sua fundação – em 1986. Sua coluna é um espaço informativo e de fundamental importância para a categoria. 

Contatos

Agricultura X subsídios

A agricultura brasileira vai bem.

A agricultura brasileira vai bem. Porém, esse mesmo agricultor que tem índices fantásticos de produção, produtividade, eficiência que garantiu o saldo das reservas cambiais já devia, em 1995, R$ 23,4 bilhões e hoje acumula débitos de mais de R$ 130 bilhões junto aos bancos, indústrias, cooperativas, cerealistas, prestadores de serviços e revendas de insumos e equipamentos. A soma desses débitos já levou milhares de agricultores a abandonarem a atividade, além da depressão, doenças crônicas, a destruição de famílias e o pior, ao suicídio. Tudo isso, porque aqui, ao contrário do resto do mundo, são esses homens e mulheres que mantém a comida barata na mesa dos brasileiros e recebem o menor percentual de subsídios do mundo. Os números demonstram que essa raça, garra e a capacidade dos nossos produtores, pesquisadores, técnicos e trabalhadores rurais são temidas no mundo desenvolvido. Sabem por quê? Porque para continuarem produzindo os europeus, americanos e asiáticos recebem de seus tesouros, anualmente, US$ 400 bilhões (nos EUA cerca de 50% da renda agrícola vem de transferências governamentais). Além desses subsídios, que distorcem a competitividade, o comércio internacional de produtos agrícolas na União Européia, EUA, Rússia, Japão, entre outros é protecionista e limitado por barreiras tarifárias e não-tarifárias (restrições sanitárias e trabalhistas). O suco de uva que vai para os EUA é taxado em US$ 170 à tonelada. A carne bovina para entrar na União Européia paga 160% de imposto e o frango, dentro da cota de 170 mil toneladas, paga 15% e a extracota 85%. São exemplos de dezenas de outras situações, tudo para proteger seus produtores. Ao contrário do que acontece no Brasil onde os produtos agrícolas, como vinho, leite e outros, são usados como moeda de troca. Exportam-se produtos industrializados (ônibus, eletrodomésticos) em troca de produtos agrícolas. A perdurar essa situação, torna-se cada vez mais difícil manter o jovem no campo e não é por acaso que o êxodo rural cresce em passos largos a cada ano que passa. O produtor rural precisa de renda e lucro pois sem esses não existe qualidade de vida e incentivo para continuar produzindo. Vendaval / solidariedade O STR manifesta sua solidariedade a todas as famílias que foram atingidas pelo forte vendaval ocorrido no último dia 2 de dezembro. Além dos estragos, os ventos deixaram dúvidas e angústias em nossa categoria, que já comprovou sua perseverança, mas que não pode continuar eternamente sob os riscos climáticos. É nesses momentos que se percebe a coragem dos agricultores, que além dos problemas climáticos, muitas vezes são submetidos à exploração e à baixa remuneração dos produtos. Agradecemos, em nome das famílias atingidas, o apoio e solidariedade de pessoas que ajudaram a erguerem os parreirais. Foi uma verdadeira demonstração de espírito de fraternidade, união e ajuda mútua que está sempre presente no meio rural.