Sede de poder
O orgulho está diretamente relacionado com a falta de amor-próprio. A ambição pelo poder e a aquisição de bens materiais podem ser uma forma de compensar um sentimento de vazio.
Não encontramos o poder apenas na política ou nos cargos elevados. O poder, como a capacidade de fazer com que outras pessoas ajam na dependência de sua vontade, pode ser encontrando em muitos exemplos em nosso dia a dia. Quantos pais não exercem seu poder com seus próprios filhos? A dona de casa que impõe sua vontade com a diarista? Quantas pessoas que se aposentam não ficam em depressão pela perda do poder que isso acarreta? Não querer abrir mão de uma autoridade que durante tantos anos deu sentido e valor a sua vida pode trazer muito sofrimento, mas que também não é assumido. Ninguém abre mão do poder, ou sequer, de uma parcela dele, com facilidade e satisfação. A perda do poder, ou de uma parcela dele, muitas vezes é sentida como sendo alguém de menor valor, pois são pessoas mais preocupadas em ter do que em ser.
O orgulho está diretamente relacionado com a falta de amor-próprio. A ambição pelo poder e a aquisição de bens materiais podem ser uma forma de compensar um sentimento de vazio. Esse impulso para o poder, essa necessidade de querer ter mais, pode ainda ser consequência do sentimento de inferioridade e da sensação de desamparo, fragilidade e impotência, presentes em muitos de nós. Porém, esses sentimentos são mais intensos naqueles que, nos primeiros anos de vida, não encontraram junto aos adultos com quem conviveram o conforto, o acolhimento e o amor que amenizassem esse desamparo. O que explica o fato da necessidade de poder ser vital para algumas pessoas e de menor significado para outras.
A soberba está muito distante da humildade, característica básica de quem possui algum autoconhecimento. É lamentável que algumas pessoas só percebam esses comportamentos no final de suas vidas, muitas vezes num leito de hospital, quando muito pouco podem fazer para reconstruírem o que destruíram, nos outros e, principalmente, em si mesmas. É preciso desenvolver a consciência que seu valor enquanto pessoa independe da posição ou aquisição, mas que, acima de tudo, somos todos seres humanos, em constante processo de evolução, independente do que temos, mas com certeza por aquilo que somos.