Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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Vozes do Tempo - parte V

No luxuoso casarão de alvenaria localizado na Avenida Parobé, hoje esquina da Avenida 25 de Julho com Rua Júlio de Castilhos, ficava o Banco Pelotense, após falência em 1931, levou italianos ao desespero por perderem suas economias.

Viajar pelo tempo sem que tenhamos dimensão e menções demarcadas, além de saudosista, é prazeroso. Na memória e fala dos descendentes dos imigrantes e colonizadores da nossa terra, encontramos relíquias que vão muito além do espaço físico. Por isso, mais uma vez, visitaremos um passado recente com histórias da vida real, vivenciadas por alguns protagonistas.
Durante a Revolução de 1930, a mãe Angelina e seus três filhos ficavam escondidos no antigo campanário de madeira e nos matos dos arredores da vila, com medo da ação dos revolucionários, enquanto o marido Atílio, carpinteiro, permaneceu por 40 dias com febre pela gripe espanhola, na casa de amigos que moravam na colônia. Os guerrilheiros roubavam a vaca de leite, mulas, cavalos, dinheiro, comidas, carretas depois agrediam os homens da propriedade com violência e crueldade.
João Carraro, fotógrafo nascido em Nova Roma, convidou a prima Maria Della Costa e a mãe Hermínia para a irem a Porto Alegre trabalhar como babás no ano de 1938. Lá, Maria foi estudante, modelo, atriz e famosa ao subir nos palcos do mundo com Alessandro Poloni, seu marido. Ela viveu em Parati, Rio de Janeiro, gerenciando uma pousada até 2014. Faleceu com 92 anos de idade e deixou o Teatro Maria Della Costa, em São Paulo, como grande herança cultural.
O médico prático Lynceu Falavigna exerceu a medicina por muitos anos em Criúva, enquanto a esposa Líbera Soldatelli administrava a Farmácia São Pedro, confeccionando pomadas e medicamentos em Nova Trento. Numa ocasião, Lynceu, com a ajuda do filho José, salvou uma família, vítima de envenenamento. Sem que a dona de casa visse, o frasco de produto tóxico rachou e o líquido escorreu sobre bifes ingeridos no almoço. Os animais que comeram os restos do alimento não sobreviveram. O médico prático ficou famoso e muito conhecido nos Campos de Cima da Serra.
Artista em madeira, ele ensinou o ofício de marceneiro a muitos meninos. Paciente, sereno e tranquilo, ficou conhecido como ‘Zio Can’, expressão que trazia na fala após cada frase que dizia. Hoje, a indústria moveleira da cidade é grata a esse homem que fundou a Fábrica de Móveis Cavagnolli. Foi fabricante de carretas e genro do Fávero, que trabalhava com metalurgia em Nova Trento, mudando para Caxias do Sul para trabalhar na Metalúrgica Eberle.
Na madrugada fria, os passos no sótão acordaram o casal que depois viu o vulto da mulher que havia morrido descendo as escadas de madeira e pedindo pelas orações prometidas. Na manhã seguinte, frei Eugênio foi procurado e comunicado do fato. A missa foi celebrada e o caso mencionado e temido por muito tempo entre os moradores.
No luxuoso casarão de alvenaria localizado na Avenida Parobé, hoje esquina da Avenida 25 de Julho com Rua Júlio de Castilhos, ficava o Banco Pelotense, após falência em 1931, levou italianos ao desespero por perderem suas economias. Entre eles, o poeta Angelo Giusti e o agricultor Marco Bortolai que, decepcionado, ficou demente e virou andarilho.
Para homenagear personagens e brindar Flores da Cunha, acontecerá na Praça da Bandeira, dia 15 de maio, às 19h, a exibição de fatos, fotos e material disponibilizado para a execução do projeto Vozes do Tempo. Contaremos com a presença dos entrevistados e familiares que serão agraciados com certificado de participação e colaboração no trabalho realizado pelo Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi.