Violência contra mulheres
Não tem sido incomum, relacionamentos, aparentemente estáveis, acabarem da forma mais brutal que um ser humano possa imaginar, desde o momento em que opta por conviver com alguém
Não tem sido incomum, relacionamentos, aparentemente estáveis, acabarem da forma mais brutal que um ser humano possa imaginar, desde o momento em que opta por conviver com alguém.
Relacionamentos que se encerram pela prática do uxoricídio, onde o próprio companheiro mata a esposa e, o que é mais grave, o faz na presença dos filhos. Neste contexto incluem-se pessoas de qualquer grau de instrução, poder aquisitivo e classe social.
Que sentimento tomará conta de um homem, que de tanto “amor” e “paixão” transforma-se e altera-se a ponto de destruir quem, até então, dividiu o teto, a cama e é mãe dos seus próprios filhos?
Realmente, o amor deve ser o sentimento mais próximo e limítrofe ao ódio, que permite fazer com que um ser humano perca completamente a razão e o equilíbrio emocional, podendo cometer tal loucura e, ainda, se achar no direito de justificar seu ato.
Será o amor transformado em ódio, ou será um sentimento doentio de posse, capaz de gerar um transtorno a ponto do bom senso e a lógica dos fatos deixarem de existir?
Os motivos das desavenças geralmente são provocados por crises de ciúme, tentativas de separações, ou suspeitas de traições que, às vezes, são apenas frutos da imaginação.
São grandes paixões e amores que terminam em tragédias, acompanhadas da violência física, psicológica e de atos incontroláveis do bicho-homem, quando se julga subestimado por uma mulher.
Frequentemente, ouvimos falar de um novo caso, que certamente resultaria em filme com boa venda de bilheteria, porém na realidade são mulheres jovens, saudáveis e bonitas, vítimas de assassinos que, em alguns casos, sequer são punidos pelo crime que cometeram.
Isto demonstra que, apesar de vivermos no século XXI, com movimentos feministas na ativa e delegacias de proteção à mulher, ela ainda está em desvantagem e nem sempre pode fazer opções de vida, com liberdade, quando decide seguir um novo rumo.
Algumas preferem a infelicidade e o descontentamento ao correrem o risco de serem vítimas de traumas e perseguições.
Assim como o amor entre um homem e uma mulher pode ser belo e ter um final feliz, pode ser trágico e destruidor, prejudicando vidas e famílias.
A mulher tem maior suporte psicológico para enfrentar as rejeições e traições, já o sexo oposto tem dificuldade em admití-las. Demonstra fragilidade e vulnerabilidade, compensando tal fraqueza com a força física e ameaça com uma arma em punho.
Recentemente, dados apresentados no Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, 2.451 mulheres perderam a vida por feminicídio, de março de 2020 até o final do ano passado. Número alarmante que não tende a diminuir, caso não tenhamos medidas mais duras aos praticantes da barbárie, bem como políticas públicas voltadas ao grave e eminente problema social, visando o combate à violência contra a mulher. Ressalto, em especial, a necessidade de tratamentos da saúde mental e emocional dos agressores, por vezes, portadores de transtornos psíquicos graves, dependência química, depressão, desequilíbrios advindos de comorbidades desde a infância, além do machismo e agressividade. Realidade que requer forte intervenção e demandas advindas de áreas como, educação, saúde, família, assistências, religiosidade e afins, ligados ao estado e sociedade civil.
Talvez, pais e mães ao educar seus meninos, devessem dar ênfase para que saibam compreender, respeitar, valorizar, utilizar-se de cavalheirismo para com suas futuras companheiras e alertá-los de que relacionamentos nem sempre dão certo, porém ninguém jamais terá o direito de praticar violência doméstica ou tirar a vida de alguém. Os pais deverão ser espelhos, já que, palavras convencem, exemplos arrastam.