Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

Contatos

Umberto Corinto Zanella em Nova Trento

Com seu cavalo percorria o interior, retratando pessoas, famílias, paisagens, abrangendo várias arestas da vida e do cotidiano dos moradores, arquivando e perpetuando momentos

A primeira fotografia produzida no mundo é uma imagem de 1826 revelada pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, feita com uma câmera e exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. A descoberta da fotografia envolveu muitos outros alquimistas no mundo do domínio da fotoquímica. 
Umberto Corinto Zanella – esse é protagonista do enredo que fez história na Antiga Vila Nova Trento, hoje, Flores da Cunha.
Umberto emigrou para o Brasil em 1897, juntamente com os pais, Victório e Lucinda, estabelecendo-se na Vila Santa Teresa de Caxias, onde montou seu estúdio fotográfico em 1905. O jovem possuía formação acadêmica, tocava instrumentos musicais, gostava de ópera, literatura e fotografia. 
Em 1911, Umberto o “Tirador de Retratos”, nascido em Roma no ano de 1858, chegou a Nova Trento com a esposa Maria Rosa Sguinzani, que usava roupas claras, chapéus e sombrinha em dias de sol. Ela era conhecida na vila como – L´americana – por sua beleza, requinte e elegância.
O casal e os seis filhos mudaram-se para Nova Trento em função de que, aqui não havia concorrentes no ramo em que atuava, enquanto que Caxias já possuía cinco outros fotógrafos.
Aqui, Umberto foi sócio do fotógrafo Virgílio Tamagnone, casado com Angelina Ciocheta. Posteriormente, ao desfazer a sociedade, abriu seu ateliê que passou a chamar-se “Umberto C. Zanella – Photógrapho”, permanecendo em Nova Trento de dezembro de 1911 a 1920, quando retornou com a família para Caxias. No mesmo ano mudou-se para São Leopoldo, exercendo a atividade com auxílio da filha Mercedes. Faleceu em 1957, aos 79 anos de idade.
Em Nova Trento fez parte da Banda Garibaldi, criou o Jornal O Vigilante, juntamente com o comerciante e autodidata Anselmo Carpeggiani Sobrinho.

Alguns retratos com seu logotipo fazem parte do acervo do Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi. Imagens registradas em materiais de qualidade e requinte, geralmente, importados da Alemanha. 
A partir de 1915, Nova Trento passa a contar com sala de cinema, que também teve como um dos fundadores Umberto Corinto Zanella e foi administrada por ele até 1920. Depois ficou aos cuidados dos Freis Capuchinhos. Em 1948, através de Frei Eugênio Brugalli, o cinema foi adquirido por Orestes Pradela pelo valor de seis mil cruzeiros. No cinema, a população assistia filmes de bang-bag, os quais eram chamados de “a gauchada” pelos trentinos. Quando os cavalos vinham na direção da tela, a plateia abaixava e escondia-se atrás das cadeiras com medo de que a cavalgada avançasse o espaço do cinema. 
Mais tarde, a partir de 1968, o cinema ficou sob administração de Hilário Sgarioni, que pagou trinta e cinco mil cruzeiros novos pelo bem adquirido. Hilário manteve as portas abertas até a década de 1980, período em que os cinemas passaram por crises e muitos fecharam as portas. Inicialmente o espaço era chamado de Cine-Teatro Pró-Trento, após a venda ao Sr. Orestes Pradella, passou a denominar-se Cine Central. Localizava-se na atual Rua Borges de Medeiros, em frente à Praça da Bandeira. O espaço físico teve nova construção, reformas e ampliações desde a sua criação.
Um brinde à arte! Nosso agradecimento aos ativistas culturais, visionários e competentes ao saber fazer. A eles nosso reconhecimento.
Com a proximidade das comemorações pelos 100 anos da emancipação política de Flores da Cunha, que vai ocorrer no próximo ano, é conveniente rememorar vultos de um passado não distante, aqueles que fizeram e construíram nossa história.

Foto: GZH/ Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami/ Divulgação