Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

Contatos

Sutilezas

Conheço alguém que, diariamente, beija as próprias mãos e agradece por tudo o que fazem dizendo a si mesmo: – O que seria de mim sem elas?

O hemisfério direito do cérebro humano é crucial para que possamos fazer as discriminações sensoriais finas, entre elas a detecção de padrões táteis não-familiares. As mãos são importante instrumento para essa capacidade humana que, desde cedo, deve ser estimulada e desenvolvida. Elas também têm o poder de acariciar, acolher, acenar, indagar, sentir e unem-se para orar, celebrar, cumprimentar...
Conheço alguém que, diariamente, beija as próprias mãos e agradece por tudo o que fazem dizendo a si mesmo: – O que seria de mim sem elas? Às mãos, mulheres dão grande importância, dedicando-lhes cuidados especiais, até porque, são elas que contornam detalhes, abrigam alianças, afetos e anéis escolhidos a dedo... 
Tamanha importância a elas atribuída que, semanalmente, um considerável período de tempo lhes é destinado e, onde cores, formatos e decorações são escolhidas com atenção  especial. Essas peculiaridades expressam o humor e o estado emocional daquela que, quando opta pelo vermelho-Gabriela, pelo rosa Princesa ou pelo branco Renda ao colorir a unha, demonstra as sutilezas que fazem parte do incrível mundo feminino. Detalhes que revelam a personalidade, a sensualidade e o modo de ser dessas fêmeas que, em determinadas ocasiões, também sabem provocar ranhuras, mesmo com gliter ou o brilho que cintila nas unhas. 
Quando meninas utilizam pétalas de gerânios e hortênsias para simular e exibir as longas unhas coloridas, imitando as referências que lhes servem de modelo e colocando ali um pouco da intuição, sensualidade, arte e filosofia da alma da mulher. Mais tarde, à procura das manicures, estas, geralmente tornam-se confidentes e superamigas pela proximidade e contato que a ação propícia. 
Fabricio Carpinejar, escritor gaúcho, casado e pai de dois filhos, autor do livro Canalhas entre outros, ironicamente decidiu pintar de vermelho as unhas da mão esquerda. Imagino que você deva estar questionando o porquê, mas os que têm mulher em casa devem ter matado a charada. Certamente já ouviram aquele pedido com jeitinho para que, lavem a louça, porque a unha dela foi recém-arrumada e, assim deve permanecer nos próximos sete dias da semana. Essa foi a maneira com que o escritor, em nome dos homens, encontrou para fazer o seu protesto sem intimidações.
Na verdade, estou convicta de que, eles não se importam em fazer esse pequeno favor para tê-las e vê-las mais belas e felizes ao seu lado. Afinal, elas merecem e, certamente saberão retribuir a sutil demonstração de parceria. Motivar é mover para a ação, que por sua vez envolve sentimentos que são expressos através das atitudes.