Página em branco
Contatar com mãe natureza, familiares e amigos, plataformas que dão força diante dos vendavais é salutar.
Como página sem letras, natureza sem cor, olhar sem brilho, ficamos quando a desesperança nos assola e a vida desola. Diante do contexto político e social, poluição nas redes sociais, descasos e desafetos, perdas sem ganhos e ganhos com perdas, corremos o risco da falta de referências externas ou desvios na caminhada que até então vinha sendo traçada.
O isolamento e quietude, na espera de dias melhores, tem sido comum entre pessoas vulneráveis diante de cotidianos assombrosos, dos quais o país e o mundo estão nos apresentando em seus mais diversos segmentos. Não somos protagonistas diretos dos fatos mais inusitados, mas estamos em cena como vítimas das loucuras alheias, das ingovernabilidades, das mídias perversas, das músicas sem poesia, das mães sem coração, dos pais sem alma, dos medos, desgastes físicos e emocionais, da vida sem vislumbre, das mudanças em tempo recorde que geram inseguranças e instabilidades. Por isso, nesses momentos, a sintonia com o íntimo, essência preciosa da qual dispomos para o enfrentamento das realidades se faz importante.
Contatar com mãe natureza, familiares e amigos, plataformas que dão força diante dos vendavais é salutar. Limitar informações e formatações do externo, buscar ajuda, dialogar com pessoas aprazíveis e abastadas de bom conteúdo, isentas de maldades e estrelismos, pode ajudar. É preciso cuidado para que desânimos não nos transformem em página em branco, sem nada mais para contar, desprovidos das vestes e história individual construída.
A existência é suprema, beleza infinita que deve ser preservada e expressada pela inteligência, capacidade, consciência e sabedoria, por isso vamos continuar a lutar e realizar, cada qual em seu contexto e condição, na busca da plenitude de uma vida, única, portanto, divina.