Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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O galo de penas

Em tempo de Fenavindima, também é momento de revivermos feitos e fatos que marcaram época e que ainda continuam na essência da nossa cultura, hábitos e costumes

Resgatar o passado é manter viva a história e a memória de um povo. Em tempo de Fenavindima, também é momento de revivermos feitos e fatos que marcaram época e que ainda continuam na essência da nossa cultura, hábitos e costumes. Falar da construção do galo de penas, personagem e símbolo do município, é mesclar fantasia e realidade, no que tange ao representante da nossa terra em desfiles, eventos, marcas, mídia e onde estiver. 
O galo de penas faz parte do resgate do processo de transformação, onde o fato do show de mágica considerado “extraordinário”, e o esperto ilusionista que faria um galo cantar – após cortar-lhe a cabeça e depois colocá-la novamente –, sob o olhar do povoado de Nova Trento, deixou de ser motivo de chacota e estigma negativo para se tornar símbolo do município.
Com informações precisas fornecidas por dona Santina Mattioni e Maria Mattioni Curra, a linha do tempo desse personagem inicia em 1972, quando foi confeccionado para representar Flores da Cunha no desfile da Festa Nacional da Uva, de Caxias do Sul, que recebia o presidente da República. O evento foi o primeiro acontecimento televisionado a cores no Brasil. Na época, lideranças como Alberto Mattioni e família, padre Manoel Baldissera, Eloy Kunz e outros, numa ação visionária, tiveram a ideia de materializar aquele que viria a ser a marca registrada de Flores da Cunha.
Sua aparição, segundo relatou dona Santina, foi uma grande surpresa para todos, capaz de deixar admiradores extasiados pela imponência e magnitude, que resultou em muitos aplausos e momentos de pausa do corso alegórico para ser homenageado e fotografado.
Ao longo dos seus 47 anos, o galo recebeu tratos especiais, quando os moradores das comunidades do interior eram convidados a colaborar com o envio de penas para redecorar o majestoso. Então, por várias vezes, dona Santina, conhecida como “a mulher do galo”, além de outros colaboradores, dedicou seu tempo, gratuitamente, para deixá-lo em perfeitas condições. Pomposo, penudo e glorioso, como obra de arte, o galo deverá ainda fazer parte de muitos desfiles para encantar florenses e turistas.
Nos saudosos anos 70, o galo acabou se consolidando ao deixar de ser motivo de constrangimento pelo fato pitoresco ocorrido no início do século 20, transformando-se em lenda. Hoje vivenciamos e reinventamos a história, aplaudindo e rememorando um personagem único, pensado e criado por pessoas especiais como dona Santina Mattioni, que nos deixou há poucos dias, e seus colaboradores. Cidadãos que merecem homenagem e gratidão, os pensadores e construtores do símbolo maior da cidade de Flores da Cunha.