O galo de penas
Falar da construção do Galo de Penas, personagem e símbolo do município, é mesclar fantasia e realidade, no que tange ao representante da nossa terra em desfiles, eventos, marcas, mídia e onde estiver.
Resgatar o passado é manter viva a história e a memória de um povo. Em tempos de celebrar o jubileu de ouro da Fenavindima, também é momento de revivermos feitos e fatos que marcaram época e que ainda continuam na essência da nossa cultura, hábitos e costumes.
Falar da construção do Galo de Penas, personagem e símbolo do município, é mesclar fantasia e realidade, no que tange ao representante da nossa terra em desfiles, eventos, marcas, mídia e onde estiver. O Galo de Penas faz parte do resgate do processo de transformação, onde o fato do show de mágica, considerado ‘extraordinário’, e o esperto ilusionista que faria um galo cantar – após cortar-lhe a cabeça e depois colocá-la novamente – sob o olhar do povoado de Nova Trento, deixou de ser motivo de chacota e estigma negativo para se tornar símbolo do município.
Com informações precisas fornecidas por dona Santina Mattioni e Maria Mattioni Curra, a linha do tempo desse personagem inicia em 1972, quando foi confeccionado para representar Flores da Cunha no desfile da Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul. O evento foi o primeiro acontecimento televisionado a cores no Brasil. Na época, lideranças, como Alberto Mattioni e família, padre Manoel Baldissera, Eloy Kunz e outros, numa ação visionária, tiveram a ideia de materializar aquele que viria a ser marca registrada de Flores da Cunha.
Sua aparição, segundo relatou dona Santina, foi uma grande surpresa para todos, capaz de deixar admiradores extasiados pela imponência e magnitude, que resultou em muitos aplausos e momentos de pausa do corso alegórico para ser homenageado e fotografado. Ao longo de 45 anos, o Galo recebeu tratos especiais, quando os moradores das comunidades do interior eram convidados a colaborar com o envio de penas para redecorar o ‘majestoso’. Então, por várias vezes, dona Santina, conhecida como ‘a mulher do galo’, e outros colaboradores, dedicaram seu tempo, gratuitamente, para deixá-lo em perfeitas condições.
Neste ano, pomposo, penudo e glorioso, como obra de arte, fará parte de nossas lembranças aos comemorarmos os 50 anos de Fenavindima. A comunidade de São Gotardo repaginou o Galo há dois anos, que recebeu nova penugem e coloração para ser foco das atenções em suas exibições ao público.
Nas dores mudas da saudade dos anos 1970, quando o Galo acabou se consolidando ao deixar de ser constrangimento pelo fato pitoresco da cidade, ocorrido na década de 1920 e se transformou em lenda, vivenciamos e reinventamos a história, aplaudindo e rememorando um personagem único, pensado e criado por pessoas especiais. Cidadãos que merecem nossa homenagem e gratidão, os pensadores e construtores do nosso símbolo maior.