Movimentos que a vida faz
Ao longo dos anos, a cada texto concluído, me senti agraciada, imaginando que assim acontece também com uma doceira quando vê o bolo de chocolate confeitado
Os movimentos que a vida faz mobilizam a seguir em frente, seja por escolhas ou por circunstâncias diversas e adversas. Cá estou, há 21 anos, expondo ideias e pensamentos, reflexões e questionamentos, fatos, conclusões pessoais. Sou grata por ter tido a oportunidade de fazer parte do grupo de colunistas nestas páginas que, hoje se fecham para virar história. Aqui, tivemos o ensejo de ver palavras, fotos, imagens, escritos de todos os estilos e gêneros textuais, levando a comunicabilidade para pessoas do município e região. Uma conquista que tão bem fez às diferentes gerações que tiveram o prazer de ler e manusear as páginas de um jornal fidedigno e de qualidade, desde o ano 1986, quando fundado pelos seus idealizadores.
Por aqui esteve presente a ilustre atriz Maria Della Costa, presidentes e presidenciáveis, governadores, deputados, prefeitos, vereadores, escolas, festas, empresários, jornalistas, fotógrafos, músicos, artesãos, bailarinas, estudantes, professores, autores, donas de casa, doceiras, chefs de cozinha, restaurantes, clubes, costureiras, cantineiros, agricultores, motoristas, médicos, dentistas, enfermeiros, engenheiros, arquitetos, padres, freiras, psicólogos, escritores, ruas, números, endereços, bairros e zona rural. Todos interagindo com leitores e comunidades.
Deixo o meu muito obrigada aos que, pessoalmente, por telefone ou e-mail, deram retorno sobre o que escrevia. Entre eles, Carlos Eduardo, Joce, Menegola, Dirce, Odaly, Maria do Carmo, José, Marisa e tantos outros. Isso serviu de incentivo para mais de duas décadas na comunicação escrita. Com minhas experiências em diversas escolas, rádio, Secretaria Municipal de Educação, Academia Caxiense de Letras, estudos e cursos de qualificação e formação, além de outras funções desempenhadas, encontrei no Jornal O Florense o espaço em que poderia registrar tantas reflexões, com liberdade e autonomia. Isso representou, para mim, ato de coragem pela exposição desnuda feita através da palavra.
Ao longo dos anos, a cada texto concluído, me senti agraciada, imaginando que assim acontece também com uma doceira quando vê o bolo de chocolate confeitado, com a costureira que vê o vestido de festa pronto, o moveleiro que vê seu móvel acabado ou o cantineiro que vê seu melhor vinho ou espumante premiado. Uma realização pessoal, acima de tudo.
Meu agradecimento especial ao incansável diretor do jornal, Carlos Raimundo Paviani, e aos funcionários de todas as épocas, que tanto se dedicaram para a circulação do jornal, e com os quais, por muitos momentos, estive junto, para comemorar e confraternizar o trabalho jornalístico de Flores da Cunha. Vai ficar a saudade e as boas lembranças do nosso jornal impresso.
Quanto a mim, vou estar voltada a rabiscar algumas poesias e criar histórias infantis para ler ao pé do ouvido do meu neto, ainda bebê, porque qualquer movimento da vida sempre me encanta. A isso eu chamo de resiliência, força interior, presença Divina, em um universo isento de lados. E, acima de tudo, vontade de seguir com feitos e efeitos, façanhas e proezas. Maturidade e vida nos permitem!