Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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Memórias no rádio

Na casa, o despertar era musical, e o adormecer, também, através das ondas operacionalizadas pelas válvulas do rádio em madeira

Desde a primeira infância mantive contato com o rádio. O trabalho do meu pai era realizado em casa, e lá sempre havia uma emissora sintonizada: música, notícias da hora com o Correspondente Renner, Repórter Esso, horóscopo do dia com Omar Cardoso e até radionovelas. Na casa, o despertar era musical, e o adormecer, também, através das ondas operacionalizadas pelas válvulas do rádio em madeira. As rádios Nacional, Tupi, Record e Globo eram top de audiência durante a noite, e a seleção musical surpreendia os ouvintes.
Mais tarde, tive o privilégio de atuar numa rádio local, como colaboradora. Concretizei um desejo e efetivei um sonho: o de interagir com pessoas através do microfone. Por oito anos, apresentei aos ouvintes música e projetos na área cultural, entrevistei personalidades e artistas, como Maria Della Costa, Paixão Cortes, Flavio Ferrarini, Uili Bergamin, Floriano Molon, Ivo Gasparin, membros da Academia Caxiense de Letras, prefeitos, secretários municipais, médicos, psicólogas, educadores, entre outros.
Fui privilegiada com a experiência vivida, um aprendizado a cada programa, uma realização a cada retorno de ouvinte. Ainda guardo algumas entrevistas, fotos e lembranças recebidas. Aquelas que me fazem recordar Antonia Macagnan, Alicinha Gonzales, Dolores Soldatelli, Maximilia Negri, homenageadas diante dos florenses que foram prestigiar eventos promovidos pela Rádio Comunitária. Lembro de Ilca Fontana, fundadora da primeira biblioteca pública de Flores da Cunha na administração Otto Trindade. Ela foi ouvinte assídua e dizia que o rádio era sua única e mais valiosa companhia, fazendo referências positivas à Jásser Panizzon e Mateus Sugari, locutores da Rádio Flores FM na época.
Também pude ouvir minha filha Natália nos microfones das Rádios Bandeirantes e BandNews FM, em Porto Alegre e Brasília, interagindo com o saudoso Ricardo Boechat, na Voz do Brasil, nas rádios Viva e Flores FM, fazendo o que gosta. Só lamento que meu pai, grande apreciador do rádio, não tenha escutado a neta nas notícias da hora, pois a teria aplaudido com um grande sorriso no rosto,  tomado pelo calor das emoções.
Dia 25 de setembro, Dia Nacional do Rádio, lembrando Roquette Pinto, considerado pai do Rádio Brasileiro, fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. A primeira transmissão radiofônica do Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência brasileira.
Rádio é momento, agora, real e presente. Passado e futuro. Rádio é de toda hora e lugar. Rádio é de todos e para todos. Veículo de comunicação de massas, que nos induz a cenas mediante a imaginação e suas nuances. Hoje a internet permite ouvir emissoras do mundo inteiro. Ou seja, o rádio evoluiu e não vai desaparecer tão cedo.