Inquietudes
Seguir na contramão dos acontecimentos é ingenuidade e não solução. Ignorar o óbvio é tolice e não mérito. Necessário sim uma visão mais realista do que está acontecendo em nossa volta.
O país vive um momento delicado no que tange à credibilidade em muitos setores. Nos índices que medem qualidades e capacidades, estamos aquém do esperado. O Brasil continua em baixa nos diferentes aspectos do desenvolvimento em comparação a outros países.Diariamente, vemos a mídia relatando fatos de extrema violência com total banalização da vida, novelas com enredos retirados do escárnio da essência humana. A letra das músicas incitando a vícios, promiscuidades e sexo banal. Pessoas agonizando nas filas de atendimentos à saúde. Um país em terceiro lugar em número de detentos nos presídios. Tudo isso, concomitantemente a uma verdadeira metástase no desvio do dinheiro público e ao empobrecimento real com a supervalorização do dólar a índices jamais alcançados. A falta de lideranças, a quase ausência de propósitos e de cabeças pensantes está nos levando ao caos. A imprevisibilidade de um futuro promissor diante de um povo com raras iniciativas para mudar o rumo das coisas é preocupante e insólito.
Assim mesmo, timidamente, dormimos e acordamos com naturalidade, esperando que a crise passe, que a violência diminua, que a inflação seja reduzida, que o poder aquisitivo aumente, que os juros baixem, que a Rede Globo aprimore sua programação, que o ônibus siga o trajeto sem assaltos e que os corruptos sejam presos. Porém, é imprescindível lembrar que nós somos os protagonistas e principais interessados para que algo melhor e diferente aconteça de fato. Para qualquer reação será necessária uma ação, preferencialmente individual e depois coletiva, com a colaboração e a participação de cidadãos críticos, conscientes, visionários e com poder de decisão.
Sem conhecimento de causa, vontade e atitude, será impossível darmos rumo diferente aos recentes episódios vivenciados na ‘pátria amada’. Nós raramente lemos, pouco nos aprofundamos e não mais debatemos sobre ideias e ideais. Aceitamos tudo, ou quase tudo, passivamente. Vivemos na pobreza e ausência de reflexões e medidas preventivas para futuros. Os bancos acadêmicos estão sem procura e pouca presença de alunos em formações para fins didáticos, resultando na carência efetiva de educadores melhor preparados.
Seguir na contramão dos acontecimentos é ingenuidade e não solução. Ignorar o óbvio é tolice e não mérito. Necessário sim uma visão mais realista do que está acontecendo em nossa volta. Além disso, pouco se faz e muito se reclama. Pouco se avalia e muito se acusa.
Impossível ficarmos alheios, acomodados diante do exposto. A inquietude deve ser mola propulsora para que sejamos instigados a participar e decidir com a força do voto, visando mudanças. Com maior valorização à educação e ao conhecimento. Com trabalho, esforço, inovação e dedicação, buscar o equilíbrio entre a crise que nos assola e superação das dificuldades.
Dizia o poeta cubano José Martí: “Todo homem deveria plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”. Mais que isso, será preciso que o homem trabalhe muito, estude mais, se aprimore e difunda conceitos e conhecimentos para construir uma história baseada em escolhas assertivas para um final feliz.