Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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Eterno enquanto durar

Pode ser simples e tudo ao mesmo tempo.

Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Assim tem início um dos mais belos poemas de Carlos Drummond de Andrade, que nos incita a admitir que amar é tudo e outro tanto. E parece que amar não está dissociado de um fato que faz toda a diferença: ir ao encontro da almejada felicidade.
Amar: artigo de luxo. Coisa rara. O que se quer e procura com tal ação? E o amor: o que será? Talvez não saibamos defini-lo, por ser algo dinâmico, não estático. Subjetivo, não palpável. Afinal, é ele que deve ser sentido, não explicado; curtido, não entendido. Mesmo quando conjugado em três tempos.
Podemos afirmar que amar é arte, ousadia e desafio. Poder envolver-se sem medir consequências. Submeter-se ao peculiar, e não ao genérico. Sublime e jamais similar. Sentir saudade quando o outro bate a porta. É saber quando um olhar vale por mil palavras.
Pode ser simples e tudo ao mesmo tempo. Tela a ser pintada, poesia a ser recitada e música que clama por dança.
Sabemos, também, que ele faz exigências. Não aceita restrições, preconceitos, traição ou desrespeito. Requer admiração, atenção, presença, tolerância, carinhos e carícias. Necessita de cuidados, afagos, flores, manhas e mimos, que não somente em dias especiais.
O ato de amar busca pela dualidade em consonância, ao mesmo tempo em que pede a complementação por diferenças. Diversidades que venham a preencher vazios, saciar desejos e permitir sintonias. Exige qualidades que promovam encantamento e também motivos que vinguem à suposta liberdade asilada. Metacognição, para aprender a aprender com o outro. Envolvimento por meio de gestos, detalhes, sutilezas e até carências. Por que não? É um jeito de proporcionar aliança e intensidade na parceria.
Amar é querer bem a um bem-querer. Dar e receber. Uma relação de duas vias, para fluxo do entendimento e compreensão mútua. Todo relacionamento tem que ser polido, desejado e cultivado para vingar em seu presente e futuro, mesmo sabedores de que tudo é eterno enquanto durar, especialmente o amor.
E se, mesmo depois de toda entrega e cumplicidade, mesmo depois que a relação e a vida tenham parecido tão simbióticas, se o amor parecer ter chegado ao fim, que tenha sido pleno. Justamente por ter sido amor. Porque vivê-lo, usufruí-lo, aceitá-lo também é direito. E escolha.