Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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Desejos da mulher

O preço das conquistas, no entanto, tem sido alto, pelo estresse de um cotidiano que exige da mulher as multitarefas, sem hesitar, sem falhar.

A mulher difere do homem em muitas peculiaridades que não somente as físicas e hormonais. Ela se distingue, especialmente, nos aspectos psicológicos, em algumas habilidades e na maneira de ser e perceber os fatos. Dotadas de intuições, sensibilidades e percepção aguçada, facilmente chegam ao cerne das questões que lhes dizem respeito. Cada vez mais estudos são realizados para conhecer as diferenças biológicas e psíquicas entre os sexos. Pouco a pouco, eles ajudam a desvendar esses detalhes do convívio e aprimorar a qualidade nas relações entre os sexos.
Essas características têm sido postas em uso em favor das diversas relações sociais, econômicas e trabalhistas. No mercado de trabalho, a contribuição da mulher, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial – e, depois, ampliada pela possibilidade de se optar pelo momento de ter filhos com o advento da pílula anticoncepcional – revelou sua competência de atuação equivalente ou superior as do sexo oposto. Com isso, abriram e trilharam os próprios caminhos, o que permitiu benefícios diversos, não somente para elas, mas para todos.
O preço das conquistas, no entanto, tem sido alto, pelo estresse de um cotidiano que exige da mulher as multitarefas, sem hesitar, sem falhar. A mulher trabalha dentro e fora de casa, com dupla, tripla, quádrupla jornada. É parceira e membro atuante em qualquer setor, dentro e fora do seio familiar. E, mesmo provando diuturnamente sua competência, relevância e garra, ainda está sujeita a uma condição de submissão, que é institucionalizada e velada em toda sociedade.
No Brasil, mais de oito milhões delas chefiam e tomam conta da família. Mesmo assim, têm salários que chegam a ser 23% menores do que o de homens nas mesmas funções, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Vítimas de tráfico de pessoas, sujeitas à prostituição, ainda são julgadas como culpadas. São vítimas de violência dentro e fora de casa. Somente em nosso Estado, uma mulher é assassinada a cada dia. Somente no ano passado, 1.300 foram estupradas e mais de 38.000 sofreram violência física, segundo registros em boletins de ocorrências no Rio Grande do Sul.
O desejo da mulher é presenciar e vivenciar o fim da desigualdade de gênero, livrar-se das amarras e dos machismos institucionalizados, conquistar reconhecimento, valorização e respeito, sem assédios e que lhe seja dado o direito de fazer opções, sem ser discriminada e julgada.
A vida da mulher não é fácil. Procria, sorri, chora, não desiste dos filhos, estuda e trabalha como agente de intensa atuação. Visa a melhoria na qualidade de vida dos seus e de outros, sem deixar de ser sonhadora. Gosta de receber flores, afetos e admiração de homens dotados de cavalheirismo e inteligência, capazes de perceber suas sutilezas, sem que a eles seja necessário verbalizar. Afinal, flores não necessitam de vozes para comprovar a importância e beleza que proporcionam nos jardins. Feliz do homem que tem ao seu lado a mulher que seja o grande motivo dos sonhos e desejos.