Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

Contatos

Cartas

Carta, comunicação escrita de natureza confidencial, dando notícias ou falando sobre algo para alguém distante

Carta, comunicação escrita de natureza confidencial, dando notícias ou falando sobre algo para alguém distante. Contida em um sobrescrito ou envelope fechado, provoca curiosidade no receptor que tem o primeiro impacto ao recebê-la. 
Cartas soam como cantigas ao vento. É prêmio que afasta o descaso de quem as recebe. Brinde surpresa em meio a tantas correspondências comerciais. Flor do Lácio que chega como poesia para encurtar dores e estender sentimentos. Elas, que já fizeram contato entre seres e foram tema para músicas e livros, crônicas e poemas, assim mesmo, parecem estar em desuso.
Enviar carta é aproximar-se das pessoas de um jeito diferente. É pegar caneta e papel na mão destinando um pouco do nosso tempo e atenção a quem consideramos e, deles, julgamos merecedores.
O ato de escrever cartas pertence a todos. Não necessita de discussões acadêmicas ou tendências linguísticas. Isenta-nos das obrigações das normas cultas ideais. Apenas requer palavras que falem dos mistérios da vida e suas particularidades. Simplicidade, sublimidade e realidade, geralmente estão presentes nas linhas e entrelinhas com grafias espontâneas que preenchem os espaços delineados.
Os carteiros, que hoje se detêm a entregar mais propagandas e faturas de contas a pagar do que mensagens, teriam seu fardo amenizado se soubessem da incumbência de transportar as manifestações da alma. Palavras que chegariam para confortar ou dizer algo da vida e sobre a vida. Escritos de gente para gente. Gente que pensa, sente e tem o desejo de sonhar e ser feliz.
As pessoas do nosso tempo são vítimas das angústias, medos, solidão e sofrimentos emocionais, precisando mais da atenção do outro. Tomadas pelo desânimo e desconectadas com o mundo interior, elas se deprimem e superlotam consultórios. Sentem falta dos contatos, das coisas simples, das companhias e do convívio com a natureza.
Redigir cartas manuscritas e destiná-las é uma forma de se fazer reviver alguns valores, especialmente os que levam à espontaneidade de sentimentos, às emoções que acionam as sensações internas em favor dos nossos afetos.
Cartas não devem ser coisas do passado, afinal precisamos de mais palavras e menos isolamentos, mais proximidades e menos distanciamentos, principalmente aqueles causados por soberbas e blocos de concreto.