Maria de Lurdes Rech

Maria de Lurdes Rech

Cotidiano

Professora, pós-graduada em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria de Lurdes Rech é autora do livro de crônicas Prosa de Mulher e do CD de crônicas e poemas Amor Maior, vencedora de diversos concursos literários em nível nacional. Membro da Academia Caxiense de Letras. Foi produtora e apresentadora do programa cultural Sábado Livre da rádio Flores FM de 2004 a 2012. Colunista do jornal O Florense desde 2007. Atuou na Secretaria de Educação, Cultura e Desporto de Flores da Cunha, onde coordenou a implantação dos Centros Ocupacionais da cidade. Exerceu a função de diretora e vice-diretora de escolas. Atualmente, realiza o trabalho de pesquisadora no Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi com o projeto Vozes do Tempo.

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A estrela Gentille Maria Marchioro Della Costa

Uma estrela surge quando Flores da Cunha ainda era denominada Nova Trento

Uma estrela surge quando Flores da Cunha ainda era denominada Nova Trento. No dia 1º de janeiro de 1928, Hermelinda Della Costa e Amadeu Marchioro receberam de braços abertos a menina loirinha de olhos azuis que um dia viria a encantar plateias e arrancar aplausos nos palcos do mundo.
Versa a história e registros fidedignos que Gentille Maria, aos 12 anos de idade, acompanhou a mãe para trabalhar como babá na  capital gaúcha, na casa da família Perez Cardoso, na qual a mais bela das Marias morou até realizar seus estudos em um convento.
Aos 14 anos, Maria estava sentada no banco de uma das praças de Porto Alegre, quando Justino Martins, da Revista do Globo-RS, pela sua experiência, fixou olhar aprimorado na beleza e elegância da menina moça vinda do interior. O universo conspirou a favor e logo Maria Della Costa estava nas capas das revistas e nos palcos como modelo. Ao desfilar na Casa Canadá, do Rio de Janeiro, levou o título de “Primeira Manequim do País”.
Maria teve como segundo marido Sandro Polloni, sobrinho de Itália Fausta, uma teatróloga ítalo-brasileira que os introduziu no teatro, arte que viria a abrir portas para o memorável sucesso da atriz que atuou também no cinema e novelas das tevês Globo e Tupi. 
No ano de 1954, aos 28 anos, fundou a Casa de Teatro Popular que, mais tarde, deu origem à Companhia Maria Della Costa, cujo prédio foi arquitetado por Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Em 1978 o teatro foi comprado pela Associação dos Produtores de Espetáculos do Estado de São Paulo.
No ano de 1992 passou a administrar a Pousada Coxixo, em Paraty (RJ). Lá, gostava de cuidar dos jardins e receber seus hóspedes. 
Maria Della Costa esteve por diversas ocasiões em sua Terra Natal, pela qual tinha um carinho especial.  Lembro que, nos anos 1970, desfilou em Festas da Vindima, visitou cantinas, hotéis, famílias, inclusive esteve na casa dos meus pais.  Sem recusas, sempre demonstrou simplicidade e amor pela sua gente e origem. 
Em 2007 tive o privilégio de entrevistá-la no Programa Sábado Livre, junto à Rádio Flores da Rede Serrana. Essa foi a última vez que a estrela veio a Flores da Cunha, ocasião em que foi homenageada junto ao NPAV, depois desativado. Em 12 de novembro de 2009 esteve em Porto Alegre, na Assembleia Legislativa, para receber a Comenda Porto do Sol, quando a seu convite fui prestigiá-la.
Maria não teve filhos e deixou grande legado pela sua habilidade e amor às artes. Foi mulher visionária e esteve além do seu tempo. Lamentava por não ver no país a memória cultural e uma política digna do seu povo. Atriz, empresária e ex-modelo deixou registros e pegadas por onde esteve, levando outros a seguirem seus passos, a exemplo de Fernanda Montenegro, Tônia Carrero e Nei Latorraca.
Numa tarde de sábado, em 24 de fevereiro de 2015, aos 89 anos, ela deixou o mundo terreno para habitar no céu das estrelas. Uma das maiores atrizes do teatro brasileiro, conhecida pelo mundo e nascida em Flores da Cunha. Obrigada Maria! Temos orgulho do teu passado e dos teus passos. Quem sabe possamos ampliar e efetivar o agradecimento para além das palavras. Você merece!