Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

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Tua Palavra é o único caminho seguro

Para os olhos de carne sempre existe o perigo de perder a visão pelo abuso da luz material, outro tanto sucede com os olhos interiores, expondo-os à cegueira pelo abuso da luz da consciência, quando esta é aos poucos desprezada.

Caros irmãos: neste 1º de maio vamos celebrar a festa do bem querido São José Operário. Se nos santos a misericórdia é um dos raios ad extra que neles fulguram, nesta virtude José foi heróico até o extremo. Homem temente a Deus, entregue a sua vontade, apaixonado pela jovem e inocente Virgem Maria – não tanto pelo seu exterior, quanto pelas virtudes duma verdadeira israelita –, perante o mistério de sua concepção virginal, ele estava disposto a tudo, menos a faltar à caridade; no seu sincero amor, não compreende, mas não condena, suspende seu juízo e deixa tudo nas mãos de Deus.
Para os olhos de carne sempre existe o perigo de perder a visão pelo abuso da luz material, outro tanto sucede com os olhos interiores, expondo-os à cegueira pelo abuso da luz da consciência, quando esta é aos poucos desprezada.
Em São José, tanto os olhos exteriores como os interiores iam dirigidos para o que é bom e reto; a ele vemos como um homem vigilante e orante que, por uns momentos, vacila, sofre santamente, mas por se manter misericordioso ante o que não entende... Finalmente, sem vacilar, se abre à luz da verdade, porque o humilde sempre vence!
Às vezes nos perguntamos sobre como pode ser que certos delitos evidentes como o aborto, eutanásia, etc., possam ser considerados hoje até recomendáveis. Que está sucedendo aí? Pois exatamente o mesmo que no começo da humanidade, quando Eva, colocada à prova, olhando para o fruto não permitido, sentia-se seduzida por ele, mas a razão a fazia se deter, dizendo-lhe: “Não, não é esse o bom caminho...”. Mas ela, em vez de seguir o reto ditame, voltando a olhar e a dialogar com a sedução, uma vez silenciada a voz interior, perdeu a luz, caiu nas trevas, ficou cega... Isso é algo que na vida do homem se repete a cada dia, por isso Paulo afirmava: “Receio, porém, que, como Eva foi enganada pela esperteza da serpente, assim também vossos pensamentos sejam desviados da simplicidade e da pureza exigidas para o seguimento de Cristo” (2 Cor 11,3).
Compreendemos, pois, como é importante a vigilância na vida cristã, à espera do Senhor, a fim de “abrir-lhe a porta, assim que Ele chegar e bater” (cf. Lc 12,36). A Escritura Santa é escola de vida, nela se relata a história de uma humanidade onde a misericórdia amorosa do Senhor não cessa de chamar-nos, como fez com Adão, ainda escondendo-nos no mato de nossas racionalizações.
Deus, como o melhor dos pais, sem violar o dom da liberdade que a Ele nos configura, faz concorrer tudo para nosso bem (cf. Rm 8,28), por isso, quando observa que nossa visão vai decaindo, como ótimo oculista, nos convida a um exercício excelente, a banhar nossos olhos interiores na luz de sua palavra: “Precisais deixar a vossa antiga maneira de viver e despojar-vos do homem velho, que vai se corrompendo ao sabor das paixões enganadoras. Precisais renovar-vos, pela transformação espiritual de vossa mente, e vestir-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, na verdadeira justiça e santidade” (Ef 4,22-24).
Nas dificuldades que o Santo Patriarca José teve que enfrentar como custódio da Sagrada Família, ele foi sempre adiante empunhando o escudo da fé, onde se apagavam as setas incendiárias do maligno (cf. Ef 6,16), sem fechar seu coração à lei divina, que meditava no seu íntimo para não vacilar seus passos (cf. Sal 36,31). Peçamos agora a ele nos ajude a ser assíduos à leitura e meditação bíblica para que, com sua luz, possamos ver a Luz (cf. Sal 35,10). Que assim seja! Amém.