Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

Contatos

São Francisco de Assis

Tu eras diferente, pai santo, que preferias corrigir e não perder os que erravam. 

No ano Santo da Misericórdia, quem melhor que o pobrezinho de Assis para nos ensinar o que é fazer misericórdia? São Francisco foi um homem que viveu a compaixão pelos enfermos de espírito. Diante dos nossos irmãos devemos cultivar sentimentos de compaixão que animaram o coração de Jesus. Assim fez São Francisco. Diante da sua “compaixão pelos enfermos de espírito” o seu biógrafo Tomás de Celano comentava:
“Mas tinha maior clemência e suportava com mais paciência os doentes que sabia serem como meninos atirados dum lado para outro, agitados pelas tentações e enfraquecidos no espírito. Por isso evitava as correções ásperas e, onde não via perigo, poupava a vara para poupar a alma. Dizia que era próprio do prelado, que é um pai e não um tirano, evitar as ocasiões de erros e não permitir que viesse a cair aquele que, caído, teria dificuldade para se levantar”. 
Aí da miserável maldade de nosso tempo! Não só deixamos de levantar ou de segurar os que estão fracos, mas, às vezes, até os empurramos para caírem. Não nos importamos de tirar do pastor supremo uma ovelhinha pela qual deu um grito forte entre lágrimas na cruz. Tu eras diferente, pai santo, que preferias corrigir e não perder os que erravam. 
Mas sabemos que, em alguns, as doenças da vontade própria estão profundamente arraigadas e precisam de fogo e não de pomadas. É claro que para muitos é mais saudável quebrar com uma verga de ferro que acariciar com as mãos. Mas o óleo e o vinho, a vara e o cajado, o zelo e a piedade, a queimadura e a unção, o cárcere e o colo, tudo tem seu tempo. “O Deus das vinganças e Pai das misericórdias quer tudo isso, mas deseja mais a misericórdia que o sacrifício” (2 Cel 177).
Por fim, escutemos a exortação de São Francisco na regra não bulada: “E recorramos a ele como ao pastor e bispo de nossas almas (1Pd 2,25), que diz: Eu sou o bom pastor, que apascento minhas ovelhas e por minhas ovelhas exponho minha alma. Todos vós sois irmãos” (Rnb 22,32-33).
Gostei muito do texto a seguir que recebi de frei Dorvalino Fassini, escrito por ele e por Marcos Aurélio Fernandes, o qual partilho com vocês:
“É como reformador que a Igreja celebra Francisco ao propor, na primeira leitura de sua solenidade, o exemplo de um reformador do Templo de Jerusalém. Francisco foi grande reformador. Reformar é reconstituir todas as coisas na sua forma originária, isto é, no vigor de ser da origem. Para reformar, é preciso revolucionar. Mas reformar é mais do que revolucionar. O revolucionário é um homem que diz não. Mas diz não por ter dito sim. Reformar, ao modo de Francisco, significa lançar o fundamento e restaurar o vigor e o esplendor do ser, num novo sim, na força de uma nova determinação do princípio. É ser fundador, desde o princípio que tudo funda. Mas, por e para revolucionar, por e para reformar todas as coisas desde o vigor da inocência de um novo sim, é preciso transformar. E não é qualquer transformação que interessa. O que interessa é a transformação do espírito. Espírito, aqui, não diz uma parte do homem. Mas o seu todo. O seu todo, corpo e alma, enquanto que seu ser está enraizado na liberdade do ser e no ser da liberdade dos filhos de Deus. Melhor do que espírito, talvez seria dizer coração. Pois o espírito é, no fundo, amor. Francisco revela que a essência, a forma de vida, do discipulado de Cristo é o amor universal, a caridade, o ‘amai-vos uns aos outros como eu vos amei’. Coração diz, então, a cordialidade de ser como amor. Francisco traz a reforma, a repristinação de todas as coisas, a partir do vigor do amor universal, da fraternidade, que surge desde o amor do Cristo Crucificado que amou o mundo a ponto de consumar sua entrega definitiva por ele e amou os seus até o fim. Não será a partir desta necessidade de reforma que o Espírito concedeu à Igreja, hoje, um papa chamado Francisco?”.