O coração é o verdadeiro santuário onde se celebra a vida e o amor.

Setembro é o mês da Primavera. Pode vir um friozinho, mas a primavera explode com encantadora riqueza e variedade de flores. As árvores frutíferas se enchem de gemas. Nas videiras podadas aparecem os primeiros brotos. Com o friozinho pode vir uma preocupação grande... Mas setembro é também um mês de celebrações bonitas. E com as celebrações vem também a confiança na Divina Providência que não abandona seus filhos. A Virgem Santa é lembrada no seu nascimento (dia 8) e no seu sofrimento (dia 15). A Cruz Santa é exaltada (dia 14); neste mês veneramos São Francisco de Assis que recebe as sagradas chagas no Monte Alverne (dia 17).
Quase sempre se diz que as criaturas falavam de Deus a Francisco; na realidade era ele, Francisco, que revestia de Deus as criaturas. Seus olhos refletiam a luz de Deus e, nesta luz, tudo lhe aparecia revestido de Deus porque seu coração estava habitado e seu pensamento ocupado por Deus. O coração é o verdadeiro santuário onde se celebra a vida e o amor. Quando Francisco queria ficar verdadeira e vivamente com o Senhor, abandonava suas irmãs criaturas e mergulhava numa gruta escura onde mal penetrava um raio de luz. Ali permanecia dias a fio e dali saía com o coração cheio da presença de Deus. Difundia então por toda parte aquele Deus vivo que trazia em seu coração. Dois anos antes de sua morte subiu ao Monte Alverne e ali sua identificação com Cristo – tão profundamente amado – se realiza em plenitude: Cristo marca seu servo fiel com suas chagas.
Neste ano, neste mês de setembro, dia 18, domingo, às 9h, as Irmãs Clarissas Capuchinhas sairão da clausura para ir à Igreja Matriz e celebrar solenemente a Profissão Perpétua da Irmã Maria Inês do Divino Pastor. Ela pronunciará os votos nas mãos da Madre Abadessa, na presença da Igreja: suas autoridades e seus fieis, assumindo seu compromisso de dedicar-se total e para sempre a sua missão contemplativa, vivendo na clausura num clima de união fraterna vivificada pela caridade.
Esta forma de consagração a Deus e ao seu Reino não torna as Irmãs alheias ou inúteis à sociedade. Os conselhos evangélicos não têm finalidade por si mesmo, mas são mediações para duas metas fundamentais: seguimento de Cristo e união com Deus e para fazer da própria vida serviço-oblação em favor dos irmãos e irmãs. Concluímos com as palavras de São Francisco, que aconselha: “Nada mais desejemos, nada mais queiramos, nada mais nos deleite e agrade a não ser Deus, que é o bem pleno, todo o bem, todo bom, o verdadeiro e sumo bem. E nada nos impeça, nada nos separe, nada se interponha entre nós”.