Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

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Presença escondida...

Coluna do dia 23 de janeiro

Irmã Maria Bernarda – mabercap@gmail.com
No jornal Correio do Povo de Porto Alegre do dia 23 de janeiro de 1979 uma reportagem (provavelmente do saudoso frei Rovílio Costa) anuncia: “Em Caxias do Sul o primeiro Mosteiro de Clarissas Capuchinhas do Brasil” e publica a foto de cinco irmãs: Maria Giacinta Grigoletto, M. Benvenuta Gandini, M. Luisa Verzin, M. Giuseppina Carone e M. Bernarda Cursano. Desta reportagem passaram-se exatamente 36 anos. O Mosteiro não foi idealizado em Caxias do Sul, mas aqui, em Flores da Cunha, e inaugurado no dia 8 de dezembro de 1981 com grande presença de público. Foi uma cerimônia riquíssima: 50 sacerdotes celebrando na frente do Mosteiro enfeitado com belíssimas flores pela inesquecível irmã Joana Margarida, que também tinha conseguido colocar uma longa fita na fachada do Mosteiro com uma frase esclarecedora, incisiva: “Presença escondida que questiona o mundo”.
Sim, um Mosteiro que nasce indica que algo profundo, essencial, novo, está atuando; que o Povo de Deus caminha para a realidade do Reino, que na crosta da Terra, ressequida pelo materialismo, a Água Viva abriu-se passagem, formou uma nascente. Um Mosteiro é o desabrochar – no deserto duma sociedade fatigada e impaciente, desassossegada pelo ritmo veloz da produção e pela provocação a adquirir produtos que multiplicam as ‘necessidades’ – dum oásis de silêncio e de paz em que o tempo carrega a eternidade e respira no infinito da esperança.
Mosteiro é solidão, porque Deus basta; é silêncio porque a Palavra Divina, o Verbo, precisa ser escutada; é espera, porque Um Deus vem... Uma espera cheia de amor, de doação, de sabedoria, em que a criatura humana não apoia sua felicidade na pesquisa científica e na utilização técnica da natureza (que podem revelar-se ídolos cruéis devorando suas vítimas), mas na libertação daquilo que mortifica a pessoa, na experiência da liberdade que leva a partilhar os bens conquistados, na realização de todas as potencialidades, pois Deus que se revela não é só conhecimento, é poder que transforma a criatura humana em filha de Deus.
O ‘mundo’, refratário, hostil a toda transcendência, o mundo pelo qual Jesus não rezou (Jo, 17,9) mesmo desejando que todos se salvem (Jo 3,16; Jo 17,21-23), convida os Mosteiros para assumir obras ‘sociais’, mas o que mais ‘social’ do que a paz? E a Paz é Jesus. Ele que se entregou à morte para demonstrar a autenticidade e profundidade do seu Amor para o Pai e para os seres humanos (Jo 14,31) que, ressuscitado, apareceu aos apóstolos desejando-lhes a Paz (Jo 20,19), que vive em nós (Jo 14,18).
É no Coração de Cristo que morre sobre a Cruz para emitir seu Espírito e para alimentar de seu corpo e de seu sangue a vida dos seus seguidores, que as Clarissas Capuchinhas enclausuradas atingem os valores de sua vocação. Como lemos num documento de trabalho dos Freis Capuchinhos, “... Nossa presença no mundo nasce de um projeto de infinito amor que mergulha suas raízes na comunidade trinitária de Deus e na missão de Cristo e da Igreja... Uma história de graça, comprovada pela fecundidade plurissecular do carisma de São Francisco”, e de Santa Clara.
Ao primeiro Mosteiro da nossa Ordem, dedicado a Nossa Senhora do Brasil, nestes 36 anos, seguiram-se outros quatro: em setembro de 2002, Palmas (TO); em outubro de 2002, Juína (MT); em agosto de 2003, Macapá (AP); e em março de 2006, Manaus (AM), sendo o de Macapá da nossa mesma federação italiana. Todos eles são pontos luminosos onde, pelo gesto de radical imolação, a Clarissa Capuchinha proclama que Deus é tudo, que merece tudo, que o sentido mais sublime de uma vida humana é cantar seus louvores.