Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

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O memorial do Natal

Queridos irmãos: como nos alegra celebrar o Natal de Jesus. Quanta alegria no fundo da alma por muitas razões, algumas humanas, sem dúvida, mas tão bonitas!

Queridos irmãos: como nos alegra celebrar o Natal de Jesus. Quanta alegria no fundo da alma por muitas razões, algumas humanas, sem dúvida, mas tão bonitas! Contudo, há no fundo da alma algo que nos diz que a nossa alegria descansa numa causa mais profunda ainda; talvez não saibamos explicar com palavras, mas o ‘o sentido da fé’ nos diz que esta é uma festa muito especial de Deus no meio de nós.
No primeiro Natal, escutamos aquele convite gozoso: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!”
Com a ajuda Daquela, guardava no seu coração este anúncio dos anjos que os pastores lhes comunicaram Maria (cf. Lc 1,19), detenhamo-nos sobre a verdade desta “grande alegria”. Nosso Mestre instituiu o memorial da Nova e Eterna Aliança, selada não com o sangue alheio, mas com o seu próprio Sangue (cf. Hb 9,24-25).
A excelência da Sagrada Eucaristia está intimamente relacionada com o Natal, na qual anunciamos nominalmente a morte e ressurreição do Salvador, o seu Mistério Pascal, mas o fato de nos referir só a esses mistérios não quer dizer que não anunciemos os demais de Jesus, pois o memorial de Cristo vai muito mais além.
A Igreja – disse João Paulo II – recebeu a Eucaristia de Cristo, seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque é dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação. Esta não fica circunscrita no passado, pois tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente (Eclesia de Eucaristia, 11).
Para acolher a Palavra do Pai, nada melhor que procurar ouvi-la. É preciso colocar a alegria de que o Pai nos fale pelo seu Filho (cf. Hb 1,2) sobre toda outra alegria. Às vezes dizemos, repetimos, e até comunicamos aos demais que “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”, que “tanto amou Deus o mundo que nos entregou seu Filho único”, ou então, que “apareceu a bondade de Deus para com os homens”. Tudo isso é ótimo, e assim evangelizamos os demais, mas, nos deixamos evangelizar?
O memorial do Natal de Jesus, em definitivo, nos está colocando pessoalmente diante da Palavra, que vem habitar particularmente comigo, que é a expressão de quanto o Pai me ama até entregar seu Filho por mim; no Qual aparece a bondade de Deus para comigo até o ponto de enviar-me seu amado Filho... O Verbo do Pai, Jesus, me está interpelando, me está dizendo: “Venho a meu povo, e particularmente venho a ti; não precisas te colocar demais enfeites para me receber, só precisas me ouvir num silêncio como o de minha Mãe. É assim que, guardando tu também no teu coração este Verbo, Ele te diz até que ponto és amado no seio da Trindade, pois, “quem me viu, tem visto o Pai” (Jo 14,9).
Ainda que tenham passado mais de 20 séculos, num silêncio-escuta assim, continua a ser realidade o que, conforme o Evangelista, sucedeu quando nasceu o Salvador: “Veio para o que era seu, mas os seus não O acolheram” (Jo 1,11). Mas com essa escuta sincera, felizmente se faz também realidade: “A quantos O acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que creem no seu nome” (Jo 1,12).
Aproximemo-nos, portanto, irmãos, do portal de Belém; acheguemo-nos à mansidão de Deus revelada no seu Verbo feito Menino, que “existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2,6-7). Aprendamos já Dele a mansidão e a humildade às quais nos convidará a imitar quando for um homem cabal (cf. Mt 11). E assim, junto a Maria e José com São Francisco e Santa Clara, nossa oração destes dias seja um agradecido deixar-se amar pela bondade de Deus em Cristo Jesus, um se deixar envolver pela amizade do Pai, anunciada pelos anjos ao dizerem: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!”.
A todos um Santo Natal e um bem aventurado Ano Novo! Shalon!