Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

Contatos

O hoje de Deus

No início da vocação está o encontro com Aquele que, depois de uma vida toda cheia de bondade, de misericórdia, de luz, de domínio sobre a natureza, deu prova de um imenso amor pelo sacrifício da Cruz e deu prova de sua divindade pela Ressurreição.

No dia 16 de agosto a Festa da Assunção de Maria Santíssima, com os fieis que lotaram nossa belíssima Igreja Matriz, estavam, no presbitério, as irmãs que vivem na clausura do Mosteiro (às vezes erroneamente chamado de ‘Carmelo’). Estavam na Igreja porque chegara o momento de a irmã Lioba Maria do Sagrado Coração de Jesus assumir para sempre, com rito solene e público, sua vida de Irmã Clarissa Capuchinha Contemplativa.
Assumir uma ‘vida contemplativa’ com a opção tão radical de viver na clausura de um Mosteiro pode parecer uma renúncia ao prazer de viver, especialmente nesta nossa época em que tudo se move tão rapidamente, em que os valores que dão sentido à vida são esquecidos em favor do próprio ‘eu’ egoísta, egocêntrico e orgulhoso. Na realidade a vida contemplativa é um caminho de felicidade porque nela realiza-se a união da criatura com seu Criador.
Bento XVI diz com clareza e força: “No início do ser cristão não está uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um ‘acontecimento’: uma pessoa que dá à vida um novo horizonte e, com isso, a direção decisiva”. De fato a vida cristã autêntica inclui uma ‘dimensão contemplativa’, uma concentração do espírito nas coisas divinas que leva ao encontro com Deus presente no íntimo da sua criatura. Cada cristão(ã) precisa escutar e meditar a Palavra de Deus; procurar a união com a vida divina, que recebeu em embrião no Batismo e que cresce pelos sacramentos, especialmente pela Eucaristia.
Cada pessoa precisa rezar a sós com Deus e com a Liturgia da Igreja, ter o desejo constante de buscar e conhecer Deus, sua vontade nos eventos e nas pessoas; participar da sua missão salvadora, doar-se para o advento do Reino; ter atitude de contínua e humilde adoração da presença misteriosa de Deus nas pessoas, nos acontecimentos, nas coisas... Esta é a ‘dimensão contemplativa’ que o cristão(ã) está chamado a viver para a vida divina tornar-se plena nele.
A ‘vida contemplativa’ é fundamentalmente isso tudo, mas no Mosteiro tudo é organizado para favorecer a transformação de nossa vida humana na vida divina que Jesus veio trazer pela Encarnação no seio da Virgem Mãe. No início da vocação está o encontro com Aquele que, depois de uma vida toda cheia de bondade, de misericórdia, de luz, de domínio sobre a natureza, deu prova de um imenso amor pelo sacrifício da Cruz e deu prova de sua divindade pela Ressurreição.
No Mosteiro Ele está sempre presente: cada dia é vivido com Ele e cada dia é um hoje: a irmã sabe que o Amado, “o mais belo entre os filhos dos homens”, está com ela agora, neste dia, hoje! O escritor francês Blaise Pascal, com sabedoria e acerto, convida: “Cada um examine seus pensamentos: os encontrará atentos ao passado ou ao futuro. Nunca pensamos ao presente a não ser para decidir algo para o futuro. Desse jeito não ‘vivemos’, só esperamos viver e – querendo ser felizes – nunca somos”. Ora para quem encontrou o Cristo, o Emanuel, Deus conosco, e entregou-se a Ele, cada dia está repleto de sua Presença, assim também o tempo e o espaço, toda circunstância pequena e grande da vida humana. Esta experiência não é individualista, mas de empatia universal, abrindo a comunhão e a solidariedade com cada criatura humana. Dia após dia, a vida de uma irmã vai adquirindo as feições do Filho de Deus: no Qual e pelo Qual Deus reconhece como suas filhas as criaturas por Ele redimidas.