Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

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O amigo divino

No dia 13 de agosto deste ano, veio a notícia do retorno à Casa do Pai de Dom Ângelo Domingo Salvador, aos seus 90 anos de idade

No dia 13 de agosto deste ano, veio a notícia do retorno à Casa do Pai de Dom Ângelo Domingo Salvador, aos seus 90 anos de idade. Desde 2020, ele tinha renunciado a sua função de Assistente Espiritual no Mosteiro das Irmãs Clarissas Capuchinhas, do qual ele mesmo tinha pedido a fundação em ocasião do Primeiro Capítulo das Esteiras, sendo ele o Provincial no Rio Grande do Sul, na convicção de que a oração é o melhor sustento para a ação missionaria. 
Era um verdadeiro Pai espiritual de que se guardam, com muita gratidão, os ensinamentos. A consagração de Salvador a Bispo auxiliar – em 1981 – o afastou materialmente do Rio Grande do Sul, mas o interesse humano espiritual continuou, como demonstra sua preciosa correspondência. Por isso, foi com muita satisfação e gratidão para com o Frei Luís Carlos Susin, que lemos seu belíssimo e interessantíssimo artigo relativo a atuação de Dom Frei Ângelo, que ele chama novo Moisés e permite compreender quão importante e necessária tenha sido a atuação dele na nossa província.
Acho bom dizer que a gente tinha o desejo de ser missionária. Conhecia o Brasil como país de grandes pobrezas e desigualdades, de “boias-frias”, de carnavais desenfreados... Imaginava renunciar à celebração litúrgica cotidiana, aos sermões bem preparados...  Imaginava o pior e encontrou a Itália! Verdade! Foi uma surpresa daquele tamanho...
Encontramos Frei Ângelo Salvador como assistente espiritual. Um Mestre daquele, para a vida espiritual e para a vida espiritual contemplativa. Em um dos primeiros encontros, ele comentou Lucas, 1,26. Disse que Deus fala nas Escrituras: acontece o fato, mas sempre há também uma intenção. No Evangelho da Anunciação, o fato é que Maria aceitou a vontade de Deus e concebeu o Filho, mas a intenção de Deus era que todos os fiéis aceitassem na sua vida a presença salvadora de Jesus. Isso aconteceria ao serem batizados. Não era uma notícia de pouca importância. Cristo vinha às criaturas como salvador, tornando-as filhas de Deus. 
Ser cristão não é somente questão de saber, de inteligência. É questão de viver Jesus. É questão de amor. A gente tinha estudado catecismo. Sabia da existência da Graça, dom gratuito que apaga o pecado original. O professor de Religião tinha dado um pequeno livro com o título “O Amigo Divino”, extremamente interessante. Aqui, porém, tratava-se não somente de “saber”, de “conhecer” intelectualmente, mas de “viver”, abrindo-se ao programa de Jesus. 
Agora dava para entender a comparação de Jesus citada por São João no cap.15 do seu Evangelho: a seiva que alimenta os ramos é a Graça, algo real. O mundo divino se abaixa, por assim dizer, no mundo humano; o penetra, o eleva, o transfigura. Jesus nasceu como homem para nos unir a Ele. Precisa conhecer, meditar as Escrituras, torná-las programa de vida, ou seja: acolher Jesus em nosso coração, em nosso espírito e agir com Ele e por Ele em favor de nossos irmãos.   
Dom Ângelo ensinava a ser contemplativa... Contemplar é silenciar. De fato, o que poderíamos dizer a Alguém que se deixa flagelar, debochar, torturar com coroa de espinhos e zombarias pesadas, que morre pendurado a uma cruz e, depois, ressuscita e envia em missão seus discípulos!? Silêncio...Amor!