Natal, festa da renovação
No meio dos enfeites natalinos, da alegria que sentimos nesta festa, há algo que nos está a dizer que o Natal não é só um festejo anual bonito, quanto algo único, transcendental para o ser humano.
No meio dos enfeites natalinos, da alegria que sentimos nesta festa, há algo que nos está a dizer que o Natal não é só um festejo anual bonito, quanto algo único, transcendental para o ser humano.O Natal, nem tão sequer se reduz a uma lembrança saudosa do nascimento de Jesus em Belém após dois mil anos. Não, ele é um fato salvífico que se renova. Ouçamos o que diz São Beda:
“Todavia hoje, diariamente, até a consumação dos tempos, o Senhor é incessantemente concebido em Nazaré (que se traduz: flor) e dado à luz em Belém (isto é: Casa do pão): sempre que alguém escuta com fidelidade, tendo recebido em si a Flor da Palavra, se converte em uma Casa do Pão eterno. Dia após dia a Igreja, como Mãe de Deus, sobe após seu Mestre, desde a Galileia (que significa a roda giratória da vida mundana) à cidade da Judeia (região da fé e do louvor) para lá se fazer registrar no censo de sua consagração ao Rei Eternal. A Igreja é, pois, a imitação do seu Modelo – a bem-aventurada e sempre Virgem Maria –, ao mesmo tempo esposa e imaculada. Ela nos concebe do Espírito Santo, nos dá à luz como virgem sem dor” (Exp. em Lucas, 1,2. PL, 92,330D).
Isso tudo para, como aludi a oração do dia de Natal: “participar na vida divina” de Cristo. O pecado tinha sido para o homem, como apontava São Tomás, a “corrupção natural ao bem”, a “desviação da tendência à virtude que brota necessariamente da natureza racional” (p.93). Essa desordem de nosso homem velho é a que não poucas vezes nos faz desejar o que não fazemos, e fazer o que não desejamos (cf. Rm 7,15).
Vendo no presépio o verbo feito pequenino e envolto nos panos da mansidão e da humildade, Ele se converte para nós em centro integrador da pessoa humana mesma. Seu: “Eis que eu vim para fazer tua vontade” (Hb 10,7), faz retornar o ser humano à ordem perdida e, por isso, volta a Paz a nossas vidas; pois ela, como gostava definir Santo Agostinho, é “a tranquilidade da ordem”.
Esforcemos-nos por nos aproximamos realmente da manjedoura de Jesus, o abraçarmos, e sua salvação crescerá em nós. Que, pelo seu Nascimento, não estamos já “sob a Lei [mosaica], mas sob a Graça” (Rm 6, 14).
Almas de coração puro, como Francisco de Assis, souberam unir a contemplação de Jesus na Hóstia Eucarística com a representação piedosa e humilde do presépio. Desse modo, damos graças ao Pai por dom tão grande servindo-nos dos olhos da fé e dos sentidos do corpo. É o que fazia a Virgem nazarena, guardando no seu coração todos os mistérios de Jesus que via e vivia.
Convidamos os amigos a virem visitar nosso presépio no jardim do Mosteiro e desejamos a todos os queridos amigos e leitores d’O Florense um Natal de bênção e renovação de vida.