Deus perdoa infinitamente, e eu?
No Evangelho deste fim de semana está a parábola do devedor implacável
Com o coração voltado para a palavra de Deus, neste mês da Bíblia queremos auscultar o que o Senhor quer de nós em nosso caminhar, que a palavra de Deus nos molde conforme os critérios da justiça divina e assim possamos viver com alegria a vontade de Deus, pedindo a Cristo que toque nossos ouvidos, lábios, mãos e pés, para ouvir, anunciar e testemunhar sua palavra com nossa vida e obras.
No Evangelho deste fim de semana está a parábola do devedor implacável. Na semana passada, o Senhor nos mandava corrigir o irmão, se este fizesse o mal. Corrigir para salvar, para dar o perdão. Hoje, Pedro pergunta quantas vezes se deve dar o perdão a quem nos fez mal na comunidade. Jesus responde: Perdoa sempre! Mas, aprofundemos a palavra de Deus que nos é dirigida como luz e caminho da vida.
Até onde, até quando, conservar um coração aberto sem deixar-se levar pela tristeza e a amargura, o rancor e o fechamento? Até que ponto manter a doçura, a esperança, a certeza da vitória do Senhor? Sempre! Pois cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida é o coração do Pai. O Reino dos Céus é assim: de um rei que é Pai e perdoa. E o Pai somente reina no coração de quem perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão mil vezes, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele coração aberto na cruz.
A Igreja deve ser assim, não porque sejamos bonzinhos, mas porque aprendemos assim do coração do Pai de Jesus. Com efeito, como experimentará o perdão de Deus quem tem o coração fechado para os outros? Quem reconhecerá de verdade que tudo deve a Deus e nunca pagará o bastante se não é capaz de perdoar as dívidas dos irmãos? A estes é impossível experimentar Deus como amor e doçura. Quem não se deixa inundar pelo amor e doçura de Deus até transbordar para os irmãos será sempre amargo, rancoroso e avarento, escondido com uma máscara de prudente, cuja “justiça” que acolhe para si não dispensa para o próximo.
Nesta semana a Igreja celebrou a “Festa da Exaltação da Santa Cruz”, mas que sentido tem esta festa? Seria a exaltação do sofrimento humano como estilo de vida? Precisamos direcionar e redimensionar o porquê e a força que o sofrimento gera.
Jesus fala de sua morte na Cruz, enquanto símbolo e expressão de seu infinito amor pela criatura humana: “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.
É bom fixar nossa mente e coração no sofrimento de Jesus, morto na cruz. Mas, graças a Deus, este momento já passou! Hoje, Ele está vivo, ressuscitado e assentado à direita de Deus, na glória! A “Exaltação da Cruz de Cristo” recorda o amor infinito de Deus por sua criatura humana. Ele desceu até a humilhação da cruz, e Deus o elevou até a glória celestial! Precisamos ser conscientes, este é o caminho para os discípulos do crucificado: “Carregar a própria cruz cotidiana para ser elevado até a glória celeste com Jesus”.
Como sempre temos vantagens em relação a Cristo, que embora glorioso não deixou de padecer o martírio da cruz! Ele carrega a nossa quando somos fracos, Ele continua sofrendo no corpo dos pequenos, humilhados, abandonados, enfermos, drogados, famintos, dos que perderam suas colheitas, suas casas, seus entes queridos e suas vidas nas enchentes!
É a Igreja – Corpo de Cristo – que completa em si o que falta à Paixão de Cristo (Cl 1,24). “Tudo o que tiverdes feito a estes meus irmãos, a mim o fizestes”. Não só o bem em favor dos que sofrem, mas também o mal que faz o ser humano chorar.... é feito para Jesus! Ele continua sendo crucificado no corpo de todos os que padecem por causa da injustiça e da maldade dos poderosos, leigos ou religiosos!