Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

Contatos

Ave + Maria – Duas Cruzes

A cruz que Jesus nos convida a abraçar é – por sua Graça e misericórdia – a cruz que confere a nós a natureza divina: salve cruz salvadora!

Uma vez, viajando com uma amiga, quis falar-lhe de Jesus Crucificado, mas ela mandou-me calar: pensar na morte de Jesus, no horrível suplício da cruz, era algo insuportável. Precisei calar-me, mas a cruz era somente uma premissa, necessária para chegar à esplendorosa glória da vida ressuscitada, da vida em Deus. De fato Deus, o Pai, o Abbá em que Jesus punha toda sua confiança não salvou o Filho dileto da vergonha e do tormento da cruz, mas o salvou na cruz: a morte de Jesus foi uma morte-ressurreição.
Ele não morreu para o vazio, mas para a comunhão plena com Deus. “Tu és meu Filho eu hoje te gerei”, lemos no Salmo 2. Este Deus que acolhe Jesus no interior de sua morte nunca esteve separado dele: enquanto Jesus agonizava o Pai estava com Ele, sofrendo e com Ele identificado. Por que, então, a paixão e a morte? Para que seja claro que a confiança demonstrada por Jesus no seu e nosso Pai é bem fundamentada e para que seja manifesto o seu amor pelas suas criaturas. “Deus tanto amou o mundo que entregou seu Filho” (Jo 3,16).
Em Jesus crucificado-ressuscitado Deus está conosco, só pensa em nós, sofre como nós, morre para nós. Na cruz, que parece loucura, encontra-se a sabedoria suprema de Deus que quer vencer o mal salvando suas criaturas. Não é vontade do Pai que o filho morra, nem é vontade do Filho: ele pediu ao Pai afastar aquele cálice amargo. De fato, não é o sofrimento que salva, mas sim o amor que, ao aceitar o sofrimento, manifesta-se com toda clareza, torna-se prova irrefutável: Deus é amor!
Em Marcos 8,34-38, Jesus nos diz claramente que para segui-lo é preciso renunciar-se a si mesmo e pegar a cruz de cada dia. Isso é muito desagradável e assim pensava Francisco de Assis. Lei da natureza é buscar o prazer e ele tinha toda vontade e meios para viver prazerosamente. Sobreveio, porém, a derrota e a doença. Teve tempo e motivos para refletir e abrir-se à inspiração divina. O Espírito Santo, Espírito de Jesus e do Pai levou-o a contemplar Jesus Crucificado. Nesse espelho, diz Santa Clara, resplandecem a bem-aventurada pobreza, a santa humildade e a inefável caridade. Francisco enveredou um caminho de pobreza que o levou a identificar-se com o seu Senhor e Mestre. “Aproximava-se a Festa da Santa Cruz, conta São Boaventura, quando ele viu descer do céu um Serafim de seis asas flamejantes... Era também crucificado: mãos e pés estendidos e atados a uma cruz... Tal visão mergulhou-o num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam tristeza e alegria... Francisco compreendeu então que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um serafim que é um espírito imortal: essa visão lhe fora concedida para lhe ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus Crucificado...”
A renúncia a si mesmo e o amor levaram Francisco à experiência extraordinária de receber os estigmas, numa identificação perfeita com Jesus. A cruz em que Jesus deixou-se pregar era um patíbulo infame que destruiu a natureza humana do Filho de Deus. A cruz que Jesus nos convida a abraçar é – por sua Graça e misericórdia – a cruz que confere a nós a natureza divina: salve cruz salvadora! Nós queremos renunciar a todo o mal! Nós queremos que a beleza, bondade e verdade de Jesus, que Ele, o Senhor Jesus, triunfe em nós!