Irmãs Clarissas Capuchinhas

Irmãs Clarissas Capuchinhas

Conversando Com Você

As Irmãs Clarissas vieram ao Brasil a convite dos Freis Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Chegaram aos 21 de janeiro de 1979. Ficaram hospedadas com as Irmãs Clarissas de Porto Alegre por alguns dias e em 1º de fevereiro deste ano foram morar em uma casa na cidade de Caxias do Sul até que o Mosteiro fosse habitável. Em outubro de 1981, mesmo sem a conclusão do Mosteiro, as Irmãs vieram para Flores da Cunha.

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Irmã Maria Bernarda - mabercap@gmail.com

Você já experimentou a sensação de paz e de infinita doçura ao contemplar, no silêncio da noite, um céu estrelado? Harmonia de silêncio e luminosidade! Na realidade, tudo se movimenta (velocidade supersônica) e tudo emite sons... Você já parou para admirar as colinas cultivadas a parreirais que surgem ao redor da nossa linda Flores da Cunha? Elas “se enfeitam de alegria”, canta o Salmo 64,13, e darão ótimas uvas e deliciosos vinhos!

De onde vem tanta beleza e tanta variedade de biomas? “Há uma força de fundo e de raiz pulsando e atuando no mundo e nas pessoas.” Energia, dizem alguns, mas nós sabemos que esta força, esta energia, tem um Nome, um vigor que culmina na Encarnação do Verbo, Filho do Pai, pelo Espírito Santo. Força que vem e continua expandindo-se por meio do Espírito, para animar os Apóstolos e todos que se abrem à fé em Jesus Cristo. Energia divina, bondade, beleza, verdade! Deus que se doa às suas criaturas e encontra um modo que nos deixa abismados: se dá como comida e bebida! 

“Oh! Tremendo mistério, oh! Inefável desígnio do divino conselho! Oh! Inefável bondade!”, exclama São João Crisóstomo: “o Criador se oferta como alimento à criatura! A própria vida se oferece aos mortais como comida e bebida”. Esta maravilha está bem explicada no capítulo 6 do Evangelho de João, onde Jesus, nada impressionado pela oposição e o abandono de muitos discípulos, confirma: “Eu sou o pão da vida. Quem come minha carne e bebe meu sangue mora em mim e Eu nele”. A Eucaristia é ação sacra – não devoção religiosa – explica um teólogo de grande fama – em que o evento da cruz que foi antecipado e prenunciado na última ceia, atua em seu vigor. Eucaristia não é simbolização, representação, encenação, mas a própria realidade, a pessoa mesma de Cristo se doando, sempre e de novo, na cruz.

O papa Francisco nos diz que a criação encontra sua maior elevação na Eucaristia, pois o Deus feito homem chega ao ponto de fazer-se comer pela sua criatura; o Senhor quer chegar ao nosso íntimo por meio de algo material para que O possamos encontrar em nós, em nosso mundo. Na Eucaristia está realizada a plenitude, sendo centro vital do universo, centro transbordante de amor e de vida sem fim. Unido ao Filho encarnado presente na Eucaristia, todo o cosmo dá graças a Deus. A Eucaristia une céu e terra, abraça e penetra toda a criação. O mundo, saído das mãos de Deus, volta a Ele em feliz e plena adoração. 

A solenidade do Corpus Domini se caracteriza de fato como um ato de grande e profunda adoração. Adoração, porém, “não como quem se coloca diante de uma realidade fixa, estática, mas como quem vê Deus querendo estabelecer com suas criaturas um sacrum convivium e responde com o desejo de adorá-Lo com um profundo ato de fé”. Aliás, ‘adorar’ significa justamente o ato de ‘levar à boca’ aquilo que se ama ou de que se necessita como, por exemplo, o alimento, ou como a criança que suga da mãe o leite da vida, ou melhor ainda, como os amantes trocam o beijo do mistério do amor que lhes feriu o coração e dá o sentido de sua vida.