Há tempos gostaria de conversar com você sobre este tema tão delicado, afinal todos nós temos esse sentimento.

Há tempos gostaria de conversar com você sobre este tema tão delicado, afinal todos nós temos esse sentimento. Penso que seja conveniente conhecermos melhor o sentido da palavra a fim de percebermos melhor o quanto ela é nociva em nossas relações. O sentido latino da palavra inveja origina-se na palavra: invidere que significa "não ver". Daí a expressão: "fulano está cego de inveja" Muitas vezes se confunde a inveja com o ciúme, mas veja bem a diferença: tem-se inveja do bem de outrem; e, ciúme, do próprio bem. Quero dizer, por exemplo, tenho afeição de um amigo e temo que ela seja disputada por um rival – isto é ciúme. Mas, se não tenho afeição de ninguém, e por isso quero destruir a amizade do outro, afim que ele também não tenha o que eu não posso ter, isto é inveja. Dá para perceber o quanto é maldosa a inveja? O cristianismo inclui a inveja no grupo dos vícios capitais; é uma espécie de paixão, caracterizada por uma tristeza profunda diante do bem que se observa nos outros a ponto de tornar o indivíduo angustiado como se fosse atingido, flagelado em sua superioridade. Este sentimento é terrivelmente danoso pois quando ele ultrapassa o autocontrole, pode tornar-se num verdadeiro veneno contra o outro e contra si próprio. A inveja é sempre acompanhada de violência e agressão. Seja física, seja moral: Quantas pessoas não são vítimas de fofocas, calúnias e difamações? E por quê? Corroído pelo sentimento de inveja o ser humano é capaz de manipular pessoas, informações e até tramar situações para prejudicar o outro. Porque o objetivo da inveja é destruir, aniquilar o bem que o outro tem ou faz e eu, não. Podemos pensar na inveja a partir de pelo menos duas vertentes: uma – mais "científica" – por assim dizer, é a falta de "auto-respeito", afinal todo ser humano possui ao menos uma especialidade que o difere dos demais. (O desvio está quando o invejoso se contenta ou se satisfaz em sem o melhor, em tramar o mal...) Outra vertente, ser mais "espiritual" (e mais segura) é nos conscientizarmos que todo bem vem do "Bem", tem origem no "Bom"... O bem que o outro conquista ou faz é dádiva. E as dádivas todas, como o sol, a água o vento... são para todos, basta abrir-se a graça! Por hoje, fiquemos com isto! E rezemos uns pelos outros. E peçamos com Bartimeu: "– Mestre, que eu veja!" (Mc 10,51)