Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

Ve tor su pissacan par far un remédio par la sucarina!

Nos 145 anos da imigração italiana gaúcha, vou recordar de uma plantinha nativa, chamada pissacan

Nos 145 anos da imigração italiana gaúcha, vou recordar de uma plantinha nativa, chamada pissacan. No Brasil, pode ser considerado um símbolo, assim como foi o pinhão para a sobrevivência dos imigrantes italianos. Lançados no meio da mata virgem, os aventureiros dispunham dos animais e dos peixes, e sobretudo, dos pinhões em determinada época do ano, e ainda de uma plantinha nativa, muito parecida com o radichi, que já era popularmente conhecida e apreciada na Itália. É ainda  encontrada em muitas partes do mundo. Eu o vi na Europa,  no Perú, no Egito... Nasce por toda a parte, graças às viagens que as suas sementes fazem tocadas pelo vento. É chamado também de dente de leão, pelo formato das folhas, almeirão, radicci do mato e outras. Verdura fresca, come-se as folhas, as belas flores amarelas e as raízes.
Ao longo de centenas de anos, descobriu-se nele virtudes terapêuticas, com ações diurética, depurativa e antidiabética, e muito rica em vitamina A. Seu nome tem a ver também com um provérbio vêneto: “Omo san pissa come un can”. –“Homem sadio urina como um cachorro”. Outros escritos, ainda atribuem o nome, por serem encontrados, especialmente nas calçadas das cidades, junto aos postes de rua, onde os cães fazem as suas paradas estratégicas.
Podem ser comidos em salada ou cozidos em água fervente, com a troca do líquido por várias vezes e depois fritados com “lardo” ou “panseta”, conhecidos pelo prato “radicci coti”. 
Fazia parte, das atividades, também atender a mãe, quando era necessário ir colher um pé de “pissacan”, para fazer um chá para a redução da glicose. Remédio que foi passado de geração para geração. 
No dia a dia, em meio especial, a cama de capoeiras que se deitava embaixo dos parreirais (strame), ali nasciam fresquinhos os radichi, que apeteciam nas mesas dos descendentes. Faziam como que parte do cardápio dos jantares al menarosto, temperados com vinagre forte caseiro e umas belas fatias de panseta cozinhada na banha para o tempero. 
Em italiano, são conhecidos por muitos nomes: brusaoci, ortesoli, crencane, petabrode, radicioni, radici del campo.
“Mangia che te fa bene”, “Come que te faz bem!” é um santo remédio.