Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

Ndemo al Brasile, là gavaremo el nostro toco de tera!

-Vamos ao Brasil, lá teremos o nosso pedaço de terra!

O mês de julho, centrado no dia 25, nos lembra os colonizadores, colonos, agricultores e ainda os carreteiros e motoristas.  
Necessário voltar o nosso olhar para a pátria mãe Itália, que na época dos anos de 1870 vivia ainda sob os acordes da unificação e processo acelerado da industrialização. A par destes novos fatores, famílias numerosas sem terras, trabalhavam como “meiros” ou “al un terço” da produção anual da agricultura, baseada conforme a localidade nos vinhedos, no linho, no milho, no trigo, nas oliveiras... 
Quando as primeiras propagandas surgiram para ir a América, fortalecidas com o apoio dos padres nos seus púlpitos, e na volta, após 1875, de cartas endereçadas aos parentes que ficaram, elogiando a terra que lhes fora destinada e a farta e bela produção que ela fornecia. Houve assim um novo estímulo para que novas levas se organizassem, famílias, parentes... “Vamos para a América”. Mal sabiam eles que algumas tiveram que parar para irem trabalhar nos cafezais paulistas (1.000.000 italianos) em razão da libertação dos escravos, mas outros seguiram para os estados do Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (80.000 italianos) que foram fixados nos altos das serras gaúchas, em meio a extraordinária floresta que ainda dominava aquelas serras não utilizadas, a não ser por algumas tribos indígenas.  
Trago como motivação e união, que calculo seja inédito para uma partida, um grupo de 150 pessoas partiram da Paróquia do Castello, em Arzignano/Vicenza, rumo ao Brasil em 15 de dezembro de 1882. Imaginem três ônibus com 150 pessoas, adultas e crianças, mulheres grávidas, avós,  partindo como para em algum lugar num planeta distante! Sim, não conheciam aonde iam, e não poderiam voltar! O grupo quando chegou à Colônia Caxias (hoje a grande metrópole), compraram lotes coloniais todos próximos, nos Travessões Marcolino Moura e Pinhal (área da atual Otávio Rocha), constituindo uma verdadeira ilha de Vicentinos (de Vicenza), onde tudo girava como se lá estivessem na sua comunidade de partida. Menos, é claro, as dificuldades. Me vem, a propósito,  lembrar que três dos meus bisavós estavam neste navio.  
A terra tão ansiada, domesticada, cultivada, via nascer dezenas de braços para a agricultura. Mas não havia de novo, terra para todos. Dali partiu uma segunda e terceira imigração para novas coloniais regionais e avançaram por estados chegando aos mais longevos recantos do país.  
Vejam: no Globo Rural de 04 de julho de 2021, no chamado mundo da agricultura familiar, o agronegócio e outros, a predominância de sobrenomes italianos: Marchesan, Felipetto, Mansur, Fioravante, Marconato, Ferrari, Biaggi, Marin. Arezza, Guarese, Mognon, Donizete, Aguetoni, Galicchio, Reinhofer, Perassoli, Valeschi, Zaiat... alguns alemães e outros ditos “brasileiros”.  
O mesmo sonho de ter o seu pedaço de terra, espalhados com o DNA do trabalho, mostra a força da agricultura brasileira. Que espetáculo! 
Parabéns pelo “Dia do Colono e Motorista”, vocês dão orgulho ao Brasil.