Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

Mi gò torná indrio, verso le me radize!

Assinalado no Livro da Vida, 72 outonos, graças vos damos Senhor!  

Assinalado no Livro da Vida, 72 outonos, graças vos damos Senhor!  
Ali com uma pequena mala, aos 11 anos, em 1961, me vejo abandonando os meus familiares e o meu chão e sair para estudar o 5º ano em Antônio Prado. Faço agora uma volta figurada ao passado, tipo uma regressão, e vou ver a realidade daquele chão que me viu nascer em 1949. 
Fui acolhido com sonoros latidos dos cachorros. 
- Onde está o Piloto, o Japi, a Mimosa? 
- Tio, estes cães são a sexta geração KKK. 
- Aquela patente de madeira, onde está hoje? 
- Mas tio, o banheiro está dentro de casa! 
- Mas não tem cheiro? E ainda estão buscando a água do poço ali ao lado da casa?
- Tio, não, agora temos água encanada que vem lá do morro, agora tem mangueiras e ainda a água da Corsan. 
- E vocês ainda escutam aquele rádio de pilhas? 
- Mas não tio, hoje temos diversas aparelhos de tv, computador, notebook, antena parabólica, internet... 
- Vai me dizer que vocês ainda estão dando sulfato com a máquina que vai nas costas ou aquele tipo de carrinho de mão?  
- Não tio, hoje se passa com o trator e pulverizador e em poucas horas se dá o sulfato que antes precisava uma semana. 
- Agora me conta, aquele tanque com água corrente para lavar as roupas e até os pés, ainda está lá? 
- Não tio, quase não precisa mais tanque para lavar as roupas, nós temos máquina de lavar. 
- Mas pelo menos vocês ainda lavam os pés naquela “mestela”? 
- Não tio, tem banheiro dentro de casa e outro ali fora, se toma banho todos os dias.   
- Vocês trocam ainda as palhas de milho dos colchões e as penas de ganso dos travesseiros?
- Não né tio, agora são colchões de espuma de plástico e os travesseiros também do mesmo produto.  
- Ainda tem uma bela horta, radichi, alface, tomates, alho, cebolas, temperos, vagem, ervilha...? 
- Sim tio, alguma coisa, mas olha, nós plantamos e colhemos mais de 20 mil quilos de alho, 20 mil quilos de cebolas, 5 mil quilos de tomates... fora os mais de 100 mil quilos de uvas orgânicas. Pouca gente trabalhando e com o maquinário, em especial os tratores, facilitaram muito a vida na colônia. Ai se prefere comprar várias utilidades prontas. 
- E o que vocês fazem em casa?  
- O pão, as massas, o salame, a copa, os queijos, a marmelada, e muita coisa ainda é caseira. Sem falar que cuidamos de alguns animais como galinhas, vacas, porcos, ovelhas, pombas e temos frutas para consumo e açude para os peixes.  
Meu Deus, o mundo mudou demais, tudo para o melhor, para facilitar. Se foram perdidas algumas coisas tão caras, o progresso chegou também no interior, facilitando a vida de quem nos fornece o alimento. Mas que dá saudade dos velhos tempos dá! Por isto viva tua infância feliz, quando ela deixa saudades, é que foi muito boa, pois traz paz à tua alma colona e dá força para prosseguir.