Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

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Mi gavaria tante stòrie par scriver!

Lembrando o colono e os motoristas, vem a mente os imigrantes e os carreteiros do passado. Eu teria tantas histórias para contar

O dia 25 de julho marca uma data importante na vida de muitos de nós. Lembrando o colono e os motoristas, vem a mente os imigrantes e os carreteiros do passado. Eu teria tantas histórias para contar. Oitavo filho de nove, de um casal de agricultores, vivi como terceira geração, o que havia de mais sagrado nas atividades agrícolas, na alimentação e na religiosidade a partir dos anos de 1949 em diante. Que espetáculo de vida, tivemos nós, os setentões, de poder acompanhar a mais extraordinária evolução da humanidade, lamentavelmente, jogada ao lixo da história, a partir deste tal de vírus... Passamos pela tuberculose e suas companheiras gripes, mas vimos a partir dos lampiões, dos pés descalços, a carreta, o caminhão,  o automóvel, o trem, o avião, os foguetes... Tomamos óleo de rícino, usamos Minâncora, talco, que tal o Vick Vaporub, experimentamos as vacinas e sobrevivemos.  
Dia 25 de julho é uma data tão especial para nós. Praticamente todos temos uma raíz na roça, onde nossos bravos pioneiros, largando uma regular infraestrutura na velha Itália, se aventuraram e foram jogados em meio à mata virgem. Entretidos na derrubada das árvores, na feitura das suas humildes casas, no plantio e sobrevivência com tão parcos recursos, diríamos hoje. Uma fauna e flora abundantes fizeram sobreviver. Imagine uma mulher, com crianças no meio do mato, sem nenhuma proteção, medo dos bugres e das onças e outros animais. Deve-se destacar que as roças eram atrativas para os papagaios e os bugios, que vinham comer em especial o milho. Os sobrados eram levados  às costas aos moinhos e que belas polentas e pães. 
E minha geração, como não se lembrar dos trabalhos de dar comidas para os animais, tirar o leite, apalpar as galinhas, capinar, plantar, puxar as mangueiras para sulfatar as parreirais, conduzir a mula para lavrar embaixo do parreiral,  debulhar o milho, ajudar no dia de ‘bater’ o trigo e depois ir ao moinho...
Tanto Otávio Rocha, como Nova Pádua, silenciam na reverência ao passado (imigrantes e carreteiros) e o presente (agricultores e motoristas). Uns produzindo e outros distribuindo pelo Brasil. Fé e esperança: que nos afastam deste terrível coronavírus na expectativa de que no próximo ano, e muitíssimos outros, possamos nos reunir em torno de uma mesa farta, de celebrar com nossas igrejas abertas, agradecer as gerações pioneiras e a estas todas que nos deram lições de amor a Deus, ao trabalho e a família.
Salve 25 de julho!