Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

La mamma: incô ndemo a Noa Trento a la sagra de San Piero!

Quem vê o progresso extraordinário que Flores da Cunha está apresentando, não pode imaginar o que a minha geração dos anos 1950, que teve que estudar em outras cidades, passou

Quem vê o progresso extraordinário que Flores da Cunha está apresentando, não pode imaginar o que a minha geração dos anos 1950, que teve que estudar em outras cidades, passou. Como morava mais perto de Caxias, e lá tinha de tudo, as vezes na infância que estive na que, lá em casa, chamavam de Noa Trento, foram poucas. Era de carona, em caminhão, para as celebrações religiosas na Igreja Matriz dos “Capuchinhos”, que atendia também a capela São Marcos da Marcolina/Otávio Rocha. Naquela Igreja imensa de Flores, numa visita de recepção de uma imagem de Nossa Senhora, não vi a Santa. 
Na Sexta-feira Santa, cada capela tinha as suas horas de fazer as orações, e lá ia o caminhão cheio de gente. Nas festas, em especial a de São Pedro, além de almoçar no velho salão paroquial, chamava a atenção o chamado “footing”, quando se observava uma procissão de jovens caminhando, descontraídos, na rua central.
Quando fui estudar “fora”, em Antônio Prado e depois em Veranópolis, as comparações entre os municípios de origem dos colegas eram inevitáveis, e Flores da Cunha, como não tinha Ginásio, não tinha Rádio (a Nordeste foi se instalar em Caxias), a história do galo, poucas empresas, atravessar o Rio das Antas de balsa, tendo perdido a Ponte em 1900 por Criúva e São Bernardo e meio esquecida, eu ficava numa situação de inferioridade. Entre a gurizada, ter times de futebol somava pontos, aí eu citava os gloriosos Independente e São Luiz, que bem representavam a cidade.  
Me desculpem quem não me conhece, pois foi a partir dessas experiências de convivência inferiorizada que comecei a me interessar por Flores da Cunha, e com a idade avançando, fui me intrometendo, agregando às lideranças e participando através de inúmeros artigos em jornais, em uma época em que agradeciam pelas mensagens encaminhadas. Fiz também sugestões para autoridades e não me esqueço das boas acolhidas dos prefeitos que começaram a me receber: Raymundo Paviani e Horácio Borghetti. A eles fui dando minhas sugestões e/ou pedidos, e não foram poucas vezes que recebi um não, mas depois, com calma, as coisas iam acontecendo. Durante o horário de trabalho, poucas pessoas nas ruas e, os carros dava para contar nas mãos. Para “bater” uma foto, precisava parar no meio da rua para mostrar o movimento da cidade, que ia melhorando as suas características.  
Tendo convivido com as mais diversas cidades da região, até os anos 1960, Caxias se destacava, Bento, Farroupilha e Garibaldi em sequência, e outras meio estagnadas. Na década de 1960, um incrível milagre acontece em todas as cidades da região, que começam a apresentar um destacado progresso, mostrando que até algumas que sobressaiam foram ultrapassadas por Flores da Cunha, em população e importância desenvolvimentista. A acolhida de inúmeros novos imigrantes só veio engrandecer e colaborar para o atual progresso.  
A Festa da Vindima foi, em termos de “se mostrar” ao Rio Grande e ao Brasil, o grande passo inicial. Antes meio acabrunhado, podemos levantar o olhar e dizer com orgulho: “Sou de Flores da Cunha”.