Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

Incô toca far la ingessioni!

Vos conto que nos anos de 1940 a 1950 morreram muitas pessoas, por causa da doença "tuberculose"

Na colônia, lá se vai quase setenta anos, quando víamos a tia Benvenuta, lá no fundo do gramado, na frente da casa, nós, os pequenos, corríamos para se esconder, com muito medo.  Sabem por quê? A tia vinha fazer injeções. 
Vos conto que nos anos de 1940 a 1950 morreram muitas pessoas, por causa da doença "tuberculose". Na minha casa, faleceram um casal de tios e também meu pai. Coisa muito triste, porque não havia ainda remédios, e as pessoas que apanhavam aquela doença, eram praticamente condenados a partir "para o lado de lá". 
Nas casas em que havia aquelas doenças, tinha uma grande preocupação, até com os talheres e pratos. E uma ação nada interessante, era dirigir-se a um hospital de Caxias, para fazer um Raio X dos pulmões, para ver se já tinha também adquirido a mal falada doença. Imagina, eu com três anos, ser colocado dentro de um cano, como se fosse uma arapuca, para fazer o Raio X. Minha mãe! Parecia que era o fim da vida. Feito o exame, poucos dias depois, de forma preventiva, começava, parecia, um castigo. Era necessário fazer uma série de injeções. A tia Benvenuta, vinha com uma seringa em uma caixa de metal. Quando ela abria a caixa de metal, se via a seringa e a agulha. Nada como as finas agulhas de hoje, parecia aos nossos olhos infantis, um "prego". Segurados pelos irmãos mais velhos, os berros e o choro se espalhavam pelas redondezas.  Assim, os outros "condenados" se assustavam mais ainda. A injeção, normalmente, era feita num dos glúteos. Mas, com medo ou sem medo, escapamos da terrível doença que levava à morte. Durante a década de 1950, felizmente, a medicina avançou e a terrível "tuberculose"  tinha sido domada. 
Mas, hoje, ainda no Brasil, li que temos mais de seis milhões de pessoas com esta doença, que tem cura e exige um tratamento de mais de seis meses. 
Agora, para os pequenos, não os invejo, temos as vacinas, tão necessárias. Acho que as televisões deveriam ser mais discretas,  no focar as agulhas, a injeção propriamente dita e os choros das crianças. Tudo está se repetindo, tempos velhos ou novos. Mas, sinais de saúde e vida! Não deixem de fazer as vacinas às crianças. Na fatalidade de uma doença, das consideradas infantis, o arrependimento não converte o mal feito.