Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

Dall’italia noi siamo partiti!

Da Itália nós partimos!  

No dia 21 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional do Imigrante Italiano. Antes do sul do Brasil, a imigração italiana organizada se deu no atual estado do Espírito Santo. Dos 50 milhões de italianos que deixaram a sua pátria mãe, estima-se que três milhões e meio vieram para o Brasil. Destaca-se aí São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e outros. Ao longo do tempo, uma segunda ou várias outras migrações internas, levaram o sangue, os costumes, o amor ao trabalho, e fé... e foram espalhados por todos os recantos do país. Onde há um italiano, desponta o progresso. 
As imigrações foram consequências de ações do Governo Imperial, que quis acrescentar novos povos, além dos índios, portugueses, espanhóis e dos escravos africanos aqui trazidos de forma brutal. A opção maior foi para moradores de países que não tinham colônias em outros locais do mundo, destacando a Alemanha, a Suíça, a Polônia, a Áustria (Tirol/Trento) e a Itália.  
O fomento imigracionista surgia não apenas como solução para resolver a suposta escassez de mão de obra na agricultura, em especial, a substituição dos escravos nas lavouras do café, mas desenvolver os grandes espaços vazios. Não se assustem, mas está escrito em vários documentos que também objetivava o branqueamento da população brasileira com a entrada maciça de brancos europeus no país. 
Os italianos, de forma geral, influenciaram muito na agricultura, na industrialização, na alimentação, na arquitetura, na cultura e até em outros setores da comunidade brasileira, onde se integraram de forma decisiva.  
E o Rio Grande do Sul acolheu em torno de 100 mil italianos, aqui chegados a partir de 20/05/1875. A semente era boa, encontrou a terra fértil e forjou nos seus descendentes o amor ao trabalho e a esperança de dias melhores. 
Foram abertas, inicialmente, três colônias: Conde D’Eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gonçalves) e a Colônia Caxias. As terras se encontravam a mais de 700 metros acima do nível do mar. Ao sul, já existiam as colônias alemãs do Vale dos Sinos e, mais ao norte, os Campos de Cima da Serra, região das vacarias, onde tínhamos, de forma saliente, a presença de portugueses e espanhóis.  
A subida da serra, por entre a mata, num pequeno e estreito caminho, com pavores dos amimais e dos bugres que habitavam a região. E imaginar um povo que já tinha uma regular infraestrutura nos seus “paeses” de origem, serem lançados no meio da mata virgem, morando em improvisados ranchos, sem fogões, sem pias, sem camas... e fazendo as refeições com o que tinham recebido nas sedes das colônias para algumas semanas. Mas os aventureiros se deram conta da maravilhosa e abundante presença de pássaros, animais e peixes. Não faltando algumas frutas silvestres, destacando-se o pinhão. Semearam o que tinham trazidos em suas malas, apanharam mais sementes nas sedes de colônias, e derrubaram parte da mata, ali foi edificada uma casa melhor, feita a horta, algumas roças... E com relacionamentos com os alemães, ou os gaúchos das vacarias, adquiriram animais, sementes e interessantes costumes.  
E lançados assim isolados, a imigração da Serra gaúcha, se constitui  num exemplo de superação e de conquistas partindo de dentro das suas comunidades, criaram vilas e cidades e, do pequeno artesanato, fábricas pra atender a demanda local.   
Fortes, corajosos, entusiastas, enfrentaram todas as dificuldades possíveis e entregaram para a segunda geração uma região já domesticada, que chegando hoje a sétima e oitava, podem desfrutar de uma região de primeiro mundo.  
Parabéns bravos imigrantes, nós dobramos os joelhos em veneração, agradecendo por tudo o que fizeram.