O Pacto da Paz, assinado em 14/12/1923, salva o governo de Borges de Medeiros e a emancipação de Nova Trento (Flores da Cunha)

O evento deixou centenas de mortos (inclusive em Nova Trento). O Pacto da Paz, assinado em 14/12/1923, salva o governo de Borges de Medeiros e a emancipação de Nova Trento (Flores da Cunha). 
A Revolução de 1923 foi o movimento armado ocorrido no RS em que lutaram, de um lado, os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, conhecidos como Borgistas ou Ximangos, que usavam um lenço branco, e de outro os revolucionários aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil, chamados Assisistas ou Maragatos, que usavam um lenço vermelho no pescoço.

A eleição de Borges de Medeiros em 1922
Júlio de Castilhos foi substituído na presidência do estado por Borges de Medeiros, que seguiu adotando os mesmos métodos e também tinha o objetivo de perpetuar-se no poder. Em 1922, Borges resolve candidatar-se mais uma vez à presidência. Todavia, organizou-se uma oposição com Assis Brasil, que desafia Borges na disputa nas urnas. Divide-se, assim, o Rio Grande. A campanha eleitoral ocorre sob um clima de repressão e violência. Opositores do governo são presos, espancados e até mortos. Locais de reunião dos Assisistas são fechados e depredados pela polícia Borgista.
Quando se anunciou o resultado das urnas, com a previsível vitória de Borges de Medeiros, a revolta foi geral. A comissão apuradora de votos, formada por pessoas fiéis ao governo, foi acusada de fraude pela oposição. A disputa nas urnas transformou-se em disputa pelas armas. A oposição, liderada por Assis Brasil, aderiu à revolta armada para derrubar Borges, que toma posse para um novo mandato em 25 de janeiro de 1923.
Setores importantes da sociedade gaúcha já andavam descontentes com o governo. No plano nacional, Borges se isolara ao fazer oposição à candidatura de Artur Bernardes, que foi eleito presidente da República. Por isso, a expectativa de Assis Brasil e seus aliados, ao partir para a luta armada, era a de que o presidente da República decretasse intervenção federal no RS, mas Borges, um político hábil, se aproximou de Bernardes e frustrou as expectativas de seus opositores.

As lutas fraticidas
Os Maragatos, que não estavam organizados para enfrentar as forças governistas, nem tinham objetivos militares definidos, ficaram confusos ao verem que a intervenção federal não viria. A continuidade da luta dependia das ações isoladas empreendidas por José Antônio Matos Neto, o Zeca Netto. Mas as operações militares ficavam restritas a regiões distantes da capital, e não conseguiram causar danos às forças Borgistas.Em setembro de 1923, quando a Revolução já caminhava para seu fim, pois os revolucionários já estavam quase sem munição e acossados pelas tropas governistas, não tendo como resistir, o general Honório Lemes resolveu fugir das tropas Borgistas comandadas pelo general José Antônio Flores da Cunha. Zeca Netto, que se opunha a qualquer acordo com Borges, tentou uma última cartada. Imaginou que se atacasse e tomasse uma cidade importante poderia intimidar os Borgistas. Assim, em 29/10/23 atacou Pelotas, de surpresa, mas a manteve sob seu controle por apenas seis horas. Na iminência de ser atacado por forças superiores, o velho caudilho de 72 anos de idade retirou suas tropas, sem ter havido batalha.

Tratado da Paz      
A partir desse episódio, os Maragatos não tinham condições de seguir lutando, então, por iniciativa do governo federal, realizaram-se negociações comandadas pelo ministro da guerra, general Fernando Setembrino de Carvalho. Em dezembro de 1923, pacificou-se a Revolução no Pacto de Pedras Altas, no famoso castelo da localidade, residência de Assis Brasil. Pelo Acordo, Borges pôde permanecer até o final do mandato, mas a Constituição de 1891 foi reformada. Impediu-se as reeleições, a indicação de intendentes e do vice-presidente do Estado. O acordo foi importante para o RS, com profundas decorrências políticas. O sucessor de Borges no governo foi Getúlio Vargas, lenço branco. 

Emancipação Trentina   
Graças a permanência de Borges, em 17 de maio de 1924, assinou-se o decreto de Emancipação de Nova Trento (Flores da Cunha), que se aproxima, em 2024, de seu centenário.

 

O presidente Borges de Medeiros, assina os documentos no Palácio Piratini, em companhia de seus seguidores.

 

 

 

Cartaz comemorativo aos 100 anos da Revolução de 1923. Lenços brancos e vermelhos, selam a paz.

 

 

 

Assinatura do tratado, no Castelo de Pedras Altas. À direita, Assis Brasil. O presidente do Estado, Borges de Medeiros, não compareceu.

 

O tempo, o temporal e o vento

Como falo de lembranças, na infância, foram dezenas as vezes em que os temporais traziam muito medo para todos. Ventos fortes, várias vezes passaram pela ‘buzada’, derrubando pinheiros e outras árvores, a velha casa de madeira balançava ao sabor do vento. Se era de dia, lá ia o perfume das folhas da oliveira, o machado virado para cima, a camiseta da criança menor era atirada à chuva, e as preces à Santa Eurósia, para acalmar a chuva de pedra. Eram pequenos grãos, meu Deus, a natureza perdeu a fórmula, que desanda em ‘fabricar’, pedras do tamanho de um ovo, laranja e outras...Não há telhado que resista. Mas como não se emocionar com as fotos, comentários e visões de parreirais e outras frutíferas destruídas, casas alagadas, empresas danificadas, estradas interrompidas... de tantas ocorrências graves, a Serra fora preservada, até encontrar as frutas em processo de amadurecimento. Uma lástima, que com o mais animado desejo, dou forças aos agricultores para que continuem a acreditar na natureza, que semeiem, que plantem, que protejam as suas plantações.