Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

250 anos do povoamento de Criúva, 150 anos da Imigração Italiana na Serra Gaúcha

Em 20 de maio de 2023, em Nova Milano, será comemorado os 148 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos

Assunto interessante, mas que não teve muito destaque, foi a celebração, em 3 de dezembro de 2022, dos 250 anos do início do povoamento da localidade, hoje caxiense, de Criúva. Em 20 de maio de 2023, em Nova Milano, será comemorado os 148 anos da chegada dos primeiros imigrantes italianos, sendo que as terras começaram a ser demarcadas ainda em 1870.  Foi dado prioridade a três colônias: Conde D’Eu (Garibaldi), Dona Isabel (Bento Gonçalves) e Colônia Caxias (Caxias do Sul).

Criúva

Os registros históricos apontam o ano de 1772 como o início do povoamento do atual distrito de Criúva, que fazia parte de São Francisco de Paula. A localidade teve sua origem na época do tropeirismo e foi inspirada no nome da árvore típica da região. Os primeiros moradores eram índios; depois, portugueses. Seguiram-se, principalmente, poloneses e italianos. Além da vasta cultura trazida pelos tropeiros, Criúva é privilegiada pelas belezas naturais e a região é conhecida por sua pecuária, principalmente para produção de leite e de queijos. A religiosidade da comunidade se manifesta pela Festa do Divino, tradição vinda da colonização portuguesa. Ao lado da grande área demarcada para a ocupação dos italianos, geograficamente Criúva fica bem à direita, área de campo, tendo sido ligação muito antiga entre os Campos da Vacaria com a região alemã (colonização a partir de 1825), chegando a Porto Alegre.

 

Colonização italiana

A extensa área do Nordeste Gaúcho foi destinada a receber entre 80 e 100 mil italianos, além de franceses, suíços e poloneses.
O presidente da Província, Dr. João Sertório, chamou em Palácio o estancieiro Luiz Antônio Feijó Junior, de São “Bom Jesus” do Triunfo, para comunicar que seu governo estava com plano de colonizar e estabelecer uma corrente imigratória italiana para povoar a área devoluta existente do Porto de Guimarães (S. Sebastião do Caí) até a Paróquia de Nossa Senhora de Oliveira (Vacaria). 
O presidente comunicou que seria necessário retirar amostras de solo da área para serem examinadas nos laboratórios da Corte, a fim de verificar se suas propriedades eram positivas ou negativas para colonizar a terra; e lembrou de Feijó Junior para tal missão: ele deveria dar início a ação percorrendo o local conhecido por Campo dos Bugres (hoje a cidade de Caxias do Sul) e nele acampar e o explorar.
O denominado Conde Feijó fez a missão em meados de 1871 e levou cerca de três a quatro dias para cumpri-la – seis anos após o Campo dos Bugres ter sido descoberto por Antônio Machado de Souza, e já estar completamente desabitado. 
Chegados os imigrantes em 1875, o local Nôvo Milão foi sede da Colônia Caxias. Porém, o Conde fez ver ao presidente da Província o desacerto de tal medida, pois o local estava situado na extremidade Sul do sertão a ser colonizado. Sendo assim, ele reconsiderou o ato e estabeleceu como sede definitiva do diretor da Colônia, o ex-Campo dos Bugres, que se situava mais ou menos no centro da selva, facilitando a administração.
Tal ato fez Feijó ser conhecido como “O Visionário”, uma vez que se não tivesse tomado tal iniciativa, a cidade de Caxias do Sul talvez não existisse onde ela existe hoje.
Também, graças ao seu trabalho e influência junto ao governo estadual, foi contemplado com uma sesmaria.
Com a transferência da administração para a Sede Dante, localizada na 5ª légua, suas terras foram valorizadas. Assim, Luiz Antonio Feijó Júnior também loteou sua sesmaria, tornando-se um dos homens mais ricos da Colônia de Caxias. A sesmaria foi chamada de Colônia Sertorina, em homenagem ao presidente da Província Dr. João Sertório, que lhe propiciara a doação das terras, que correspondia a 3 léguas e um quadrilátero de 15 quilômetros e 45 de comprimento. 
Caxias homenageou o Coronel Feijó Junior, hoje a importante artéria que passa pelo Bairro São Pelegrino, rumo à saída norte da cidade. 

Considerações particulares

Quero saudar a todos os criuvenses que adotaram por seu chão o solo florense. Mas me permito saudar o Sr. Roberto Ricardo dos Reis, nosso Gauchinho, que pelo sobrenome deve perpetuar a origem portuguesa. Criúva, colonizada devagarzinho pelos italianos, deixo meu abraço de admiração ao dentista Dr. Claudino Muraro (In memoriam), presidente da 1ª Festa da Vindima. E aos Irmãos Bertuzzi, também gringos, expoentes como gaiteiros e cantores, meus prediletos em todos os tempos.