Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

- Varda che te passo la stropa sta nòtte!

- Olha que te passo a vime esta noite!

Estamos em época da colheita da uva. A vime é um produto muito ligado às parreiras, em primeiro lugar, para amarrar os galhos e depois se transformava em cestas e cestinhos para a colheita da uva. A vime era muita utilizada na Região Colonial Italiana, e vem perdendo o seu espaço. Servia ainda para empalhar garrafões, no artesanato, e também como instrumento de “educação” das crianças.  
Quando a mãe falava da vime, todos se comportavam com medo. Palavras sagradas: “te passo a vime esta noite!” Hoje se os pais levantam a voz, minha mãe!  
Anos passados, na colônia tinha um trabalho especial na cultura da vime. Hoje, notamos a pouca utilização e, praticamente, está desaparecendo esta linda cultura que enfeitava os lugares mais baixos perto dos banhados e mesmo ao largo dos vinhedos. Sabem que as vimes eram utilizadas para diversos trabalhos. Um dos mais importantes era amarrar os caules. Hoje, utilizam uma maquininha e amarram com um ferrinho ou fio plástico. Outro trabalho ligado ao tempo da vindima era fazer os cestinhos que iam pendurados no pescoço, e também as cestas para depositar a uva embaixo do parreiral. Dali eram levadas para fora do parreiral com os tradicionais bigois, e depois com a carreta conduzida até em casa. Com a chegada do caminhão, as uvas eram jogadas nos bigunchos ou então a uva era utilizada para a produção própria de vinhos pela família.   
Poucos meses antes da vindima, se colocavam as vimes mais grossas dentro da água para ficarem macias para o trabalho de trançar as cestas. Depois, os agricultores iam no meio do mato para achar uns galhos de árvore que se colocava no meio do fogo, normalmente de grimpas, para amaciar, e depois eram entortadas e amarradas em pinheiros para tomar forma de cabo das cestas. Coitadas também as cestas, hoje são substituídas, dentro da nova orientação, por caixas plástica e vão diretamente para as vinícolas. As caixas furadas, não permitem o acréscimo de líquidos, como acontecia antes, quando da utilização dos bigunchos. Saudades também dos garrafões de vinho, de cinco litros, atualmente quase não se veem mais. Mas os que ainda são utilizados recebem uma capa de plástico e, uma vez, muitas pessoas trabalhavam para empalhar os garrafões. As vimes eram abertas e faziam um tipo de fita para colocarem em um artístico trabalho ao redor dos garrafões. Hoje, se pode dizer, que as vimes servem ainda para fazer cestas e móveis, e vendê-las como artesanato, e em especial como cadeiras e sofás. Se pode dizer que a tradição do trabalho com vimes está se perdendo. Mas melhor de tudo, não existe mais uma vime atrás da porta – de prontidão – mas para os pequenos, fiquem com as orelhas em pé!