Floriano Molon

Floriano Molon

Lembranças

Floriano Molon é natural do distrito florense de Otávio Rocha, nascido em 11 de abril de 1949. Foi professor primário, funcionário público estadual e federal, hoje aposentado, bacharel em Direito e pesquisador da imigração italiana. Tem 12 livros publicados e participou em diversas outras publicações. Como promotor de eventos, foi presidente de algumas edições da Festa Nacional da Vindima (Fenavindima) e outras festas, bem como presidente de diversas Associações. Recebeu o título de ‘Cidadão de Mérito de Flores da Cunha’, além do Troféu Grazie, esta última do Jornal O Florense. 

Contatos

‘Te si un talian, con le braghe largue, come un gaúcho. Brao!’

Com suas malas e alguns caixotes, mudas, sementes e ferramentas, os colonizadores partiam para os seus lotes de destino

Os imigrantes italianos começaram a chegar ao Rio Grande do Sul em 1875, perfazendo um volume em torno de 100 mil almas. Ao chegarem a Porto Alegre, dirigiam-se às colônias nos altos das montanhas, passando em barcos, pela região de colonização alemã, presente desde 50 anos atrás. Chegavam às cidades de São Sebastião do Caí e Montenegro. Dali, partiam a pé, a cavalo, e muitos anos depois, com alguma pequena carreta. Paravam nas três sedes das colônias: Conde D'Eu (Garibaldi), Princesa Isabel (Bento Gonçalves) e ao Campo dos Bugres, ou Sede Dante (atualmente Caxias).
Com suas malas e alguns caixotes, mudas, sementes e ferramentas, os colonizadores partiam para os seus lotes de destino. E se desenvolve um extraordinário movimento de comércio e trocas, em especial, com os gaúchos (denominados pelo meu amigo Paixão Cortes de ‘biribas’). Eles habitavam, há muitos anos, a parte sequencial da região colonial italiana (mata virgem), nos campos da Vacaria dos Pinhais. Eram luso-brasileiros que vieram descendo de São Paulo, Laguna, Lajes e se espraiaram nos altos do Rio Grande. Iniciou assim pelos ‘gringos’, com os ‘pelo duros’, um comércio extraordinário, em especial na compra de mulas, cavalos, vacas, ovelhas, porcos, cães, gatos, galinhas, patos, coelhos, pombas e outros animais, além de também variados  alimentos.
É interessante destacar que as comunidades localizadas mais ao Norte tinham mais facilidade de comunicação com os ‘gaúchos’ e ainda levando em consideração a língua, mais fácil de conversar com alguém que falava o português do que em alemão. Me dei ao trabalho de relacionar as trocas mais significativas que se realizaram ao longo do tempo na belíssima amizade e cordialidade estabelecidas entre os gaúchos e italianos. Apenas para exemplificar, de forma empírica, veja algumas das trocas que se consolidaram ao longo do tempo: chimarrão X vinho; churrasco X menarosto; carreta com junta de bois X careta com uma até 11 mulas/cavalos; jogo do osso X jogo de bochas; violão X gaita; garrucha X espingarda; capelas nas fazendas X capelas nas comunidades.
E assim vai... Que bonita integração. Basta também observar a maciça presença de descendentes de italianos nos CTGs e nas regiões de migrações a partir de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e por aí vai... Os italianos e também os alemães levaram as tradições gaúchas. E não é raro ver um descendente de italianos com as bombachas gauchescas, das bem largas. Que bonito isto!